Corrupção leva a vaga de demissões no Governo de Zelensky

por Cristina Sambado - RTP
Reuters

O vice-ministro da Defesa do Governo de Kiev e vários altos funcionários do Estado ucraniano demitiram-se esta terça-feira, após notícias publicadas na imprensa do país sobre alegadas compras de material logístico militar a preços inflacionados.

Entre os funcionários que se demitiram na sequência do suposto caso de corrupção contam-se o vice-ministro da Defesa e responsável pelo apoio logístico às Forças Armadas, Vyacheslav Shapovalov, o vice-chefe da Administração Presidencial, Kyrylo Tymoshenko, e o vice-procurador-geral Oleksiy Simonenko.

Vyacheslav Shapovalov, responsável pelo fornecimento de alimentos e equipamentos às Forças Armadas, demitiu-se depois de ser acusado de corrupção pelos meios de comunicação social. O vice-ministro da Defesa já afirmou que as acusações contra ele e o Ministério eram “infundadas”.

Desde o início da invasão russa, as despesas de Defesa de Kiev são asseguradas sobretudo com as contribuições dos aliados ocidentais da Ucrânia.

Na segunda-feira, o vice-ministro das Infraestruturas, Vasyl Lozinskyi, foi detido depois de ter sido acusado de receber um suborno de 400 mil dólares para “facilitar” a compra de geradores a preços inflacionados, numa altura em que o país enfrenta cortes generalizados de energia na sequência dos ataques russos às infraestruturas energéticas.

O vice-chefe da Administração Presidencial, Kyrylo Tymoshenko, foi acusado em outubro por ter utlizado um veículo todo-o-terreno doado à Ucrânia pelo grupo norte-americano General Motors para fins humanitários.

Tymoshenko, que supervisionou os projetos de reconstrução das instalações danificadas pelos ataques russos, já tinha estado ligado a outros escândalos de corrupção antes e durante a ocupação.

Já o procurador-geral adjunto, Oleksiy Symonenko, foi destituído do cargo sem motivo aparente. Symonenko esteve debaixo de fogo dos meios de comunicação social ucranianos por ter estado de férias em Espanha, durante o Ano Novo.

Também Pavlo Galimon, vice-presidente do partido no poder, foi demitido na segunda-feira por alegadas acusações de corrupção na compra de uma prioridade em Kiev, num valor superior aos rendimentos declarados.

O presidente ucraniano já revelou que, nos próximos dias, outros altos funcionários vão abandonar o cargo. A reestruturação do Governo de Kiev tem lugar no contexto de um esforço de repressão da corrupção na Ucrânia, uma das principais exigências da União Europeia, se o país avançar com o pedido de adesão ao bloco.


As demissões devido a escândalos de corrupção foram os primeiros tornados públicos desde que a invasão russa começou a 24 de fevereiro.

A Ucrânia tem uma história de corrupção e, em 2021, a Agência Internacional de Transparência classificou o país em 122.º lugar na lista dos 180 Estados mais corruptos.


Em 2019, quando foi eleito presidente do país, Volodymyr Zelensky prometeu erradicar os políticos corruptos.

No domingo, o presidente ucraniano prometeu que não haveria “um retorno ao passado na forma como várias pessoas próximas das instituições do Estado costumavam viver”.

As autoridades proibiram todos os funcionários do Estado de abandonar a Ucrânia a menos que sejam viagens de negócios autorizados.
Zelensky recorda que é um luxo ignorar a guerra e que há cada vez mais quem o faça na retaguarda.
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