Após ataques ucranianos. Rússia retira milhares das regiões transfronteiriças

por Cristina Sambado - RTP
Ministério russo das Emergências via Reuters

A Rússia começou a retirar milhares de pessoas das suas regiões fronteiriças na quinta-feira, depois de a Ucrânia ter afirmado que estava a avançar mais profundamente no país, numa incursão relâmpago destinada a forçar Moscovo a abrandar o seu avanço ao longo do resto da frente.

O maior ataque estrangeiro a territórios soberanos russos desde a Segunda Guerra Mundial teve lugar a 6 de agosto, quando milhares de tropas ucranianas atravessaram a fronteira ocidental da Rússia, num embaraço para as altas patentes militares russas.

Apoiadas por drones, artilharia pesada e tanques, as unidades ucranianas têm desde então talhado uma parte da maior potência nuclear do mundo e as batalhas estavam em curso ao longo de uma frente de cerca de 18 quilómetros dentro do território russo na quinta-feira.

O governador interino de Kursk, Alexei Smirnov, disse que o distrito de Glushkov, que tem uma população de 20 mil pessoas, estava a ser evacuado. Até à data, pelo menos 200 mil pessoas foram retiradas das regiões fronteiriças, de acordo com dados russos.

O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky afirmou na quarta-feira que as suas forças tinham avançado alguns quilómetros e que o objetivo de reabastecer um “fundo de troca” de prisioneiros de guerra estava a ser alcançado. Um funcionário ucraniano afirmou à Reuters que Kiev estava a criar uma zona tampão para proteger a sua população contra-ataques.

O Ministério da Defesa da Rússia frisou esta quinta-feira que as suas forças tinham abatido drones ucranianos sobre a região vizinha de Belgorod, na Rússia, e que bombardeiros Sukhoi-34 tinham bombardeado posições ucranianas em Kursk.

O Ministério também relatou intensas batalhas ao longo da frente ucraniana e sublinhou que as tropas russas tinham tomado melhores posições em vários pontos.

Embora o ataque ucraniano tenha envergonhado Moscovo, revelado a fraqueza das suas defesas fronteiriças e mudado a narrativa pública da guerra, as autoridades russas disseram que o que classificaram como uma “invasão” ucraniana não mudaria o curso da guerra.

A Rússia, que invadiu a Ucrânia em 2022, tem estado a avançar durante a maior parte do ano ao longo da frente de 1000 quilómetros na Ucrânia e tem uma vasta superioridade numérica. Controla 18 por cento do território ucraniano.

A incursão ucraniana na Rússia permitiu-lhe obter os maiores ganhos no campo de batalha desde 2022.
Ucrânia abateu 29 drones lançados pela Rússia
A força aérea ucraniana revelou esta quinta-feira que abateu todos os 29 drones lançados pela Rússia nas regiões ucranianas durante um ataque noturno, que segundo oficiais causou apenas pequenos danos.

A Rússia também lançou três mísseis guiados Kh-59 durante o ataque, acrescentou a força aérea num comunicado.

O governador da região central de Cherkasy disse que os destroços danificaram as janelas de uma empresa privada, enquanto os governadores das regiões de Kiev, Poltava e Kirovohrad não relataram nenhum impacto nas infraestruturas ou vítimas.

O governador da região meridional de Mykolaiv disse que a força aérea abateu cinco drones na região, sem fornecer detalhes sobre os danos.

Outros oito drones foram abatidos sobre a região sul de Kherson. Vários ataques russos nesta região mataram uma pessoa e feriram outras 13 no último dia.

c/agências
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