O presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, já chegou à China para uma visita oficial de três dias a convite do homólogo chinês, Xi Jinping. Na véspera da partida, o líder bielorrusso elogiou o papel predominante de Pequim nos assuntos mundiais e considerou que ninguém poderá conter o seu crescimento. O aliado de Vladimir Putin visita a China dias depois de esta ter divulgado um plano de paz para a guerra na Ucrânia.
“Nos dias de hoje, ninguém pode conter a China ou impedir o seu desenvolvimento”, defendeu o líder bielorrusso em declarações à agência de notícias estatal chinesa Xinhua, um dia antes da partida para Pequim.
Para Lukashenko, “hoje em dia não há um único problema no mundo que possa ser resolvido sem a China”.
"I have the warmest, kindest memories from my first visit to China," Belarusian President Alexander Lukashenko told Xinhua in an exclusive interview ahead of his visit to China. https://t.co/m2Ua4Sl5VI #GLOBALink pic.twitter.com/ChlBkqcpxC
— China Xinhua News (@XHNews) February 27, 2023
As intenções de Pequim em relação à guerra têm estado sob escrutínio, especialmente desde que as autoridades norte-americanas acusaram o regime de Xi Jinping de estar a ponderar o fornecimento de assistência militar a Moscovo, algo que poderá trazer sérias consequências, segundo Washington.
A China já rejeitou as acusações dos EUA, considerando-as uma campanha de difamação, e assegurou que o país continua empenhado em promover negociações de paz entre a Rússia e a Ucrânia.
“Os EUA não têm o direito de apontar o dedo às relações entre China e Rússia. Não aceitaremos de forma alguma a pressão e coerção dos EUA”, avisou o porta-voz do Ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Mao Ning, na segunda-feira.
“Amizade sem limites”
Pequim continua a insistir que mantém uma posição neutra na guerra, mas também já frisou que possui uma “amizade sem limites” com a Rússia, pelo que se recusa a criticar a invasão da Ucrânia.
O jornal estatal chinês Global Times referiu-se esta terça-feira à Bielorrússia como um "irmão de ferro" e acusou alguns meios de comunicação ocidentais de olharem para a visita de Lukashenko "através de lentes tendenciosas" e de apontarem a “crescente influência” da China como motivo de preocupação.
“Esta visão mostra desrespeito pela Bielorrússia. Não só é altamente antiquada, como também reflete a falta de sinceridade e a hipocrisia de algumas elites políticas ocidentais em relação à paz”, lê-se no jornal.O Global Times frisa ainda que as relações com países parceiros, entre os quais a Bielorrússia, vão manter-se firmes e baseadas em “interesses comuns”.
“Nunca vamos evitar um país só porque os EUA ou outros não gostam dele. Esta é a abordagem correta e que está realmente de acordo com a tendência da globalização e o espírito de diversidade”.
Em setembro, Xi Jinping e Alexander Lukashenko anunciaram uma “parceria estratégica abrangente” durante uma reunião no Uzbequistão, à margem da cimeira Organização para Cooperação de Xangai, na qual Putin também participou.
Na passada sexta-feira, Pequim divulgou um plano de 12 pontos com uma proposta de “solução política” para a guerra. O documento, criticado por líderes ocidentais, ecoa as alegações russas de que os Governos ocidentais são os culpados pela invasão de 24 de fevereiro de 2022 e critica as sanções adotadas contra Moscovo.
Xi Jinping ainda não falou com o presidente ucraniano, Volodomyr Zelensky, desde o início da invasão, embora tenha conversado com Putin em várias ocasiões.
c/ agências