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Guerra na Ucrânia. A evolução do conflito ao minuto

"Ninguém pode conter a China". Lukashenko de visita a Pequim

por Joana Raposo Santos - RTP
Para Lukashenko, "hoje em dia não há um único problema no mundo que possa ser resolvido sem a China". Maxim Guchek - BelTA via Reuters

O presidente da Bielorrússia, Alexander Lukashenko, já chegou à China para uma visita oficial de três dias a convite do homólogo chinês, Xi Jinping. Na véspera da partida, o líder bielorrusso elogiou o papel predominante de Pequim nos assuntos mundiais e considerou que ninguém poderá conter o seu crescimento. O aliado de Vladimir Putin visita a China dias depois de esta ter divulgado um plano de paz para a guerra na Ucrânia.

Lukashenko, próximo do presidente russo, acusou ainda os Estados Unidos de encenarem um “teatro” com o recente abate de um balão chinês que, segundo Washington, estaria a recolher informações para o setor da inteligência.

“Nos dias de hoje, ninguém pode conter a China ou impedir o seu desenvolvimento”, defendeu o líder bielorrusso em declarações à agência de notícias estatal chinesa Xinhua, um dia antes da partida para Pequim.

Para Lukashenko, “hoje em dia não há um único problema no mundo que possa ser resolvido sem a China”.

A visita de Estado de três dias de Lukashenko acontece numa altura de fortes tensões geopolíticas entre China e Estados Unidos, ampliadas pela invasão russa da Ucrânia, que completou um ano no dia 24 deste mês.

Lukashenko é um dos mais leais aliados de Putin e permitiu que o território bielorrusso fosse usado para ataques à Ucrânia. A Bielorrússia depende financeira e politicamente da Rússia.


As intenções de Pequim em relação à guerra têm estado sob escrutínio, especialmente desde que as autoridades norte-americanas acusaram o regime de Xi Jinping de estar a ponderar o fornecimento de assistência militar a Moscovo, algo que poderá trazer sérias consequências, segundo Washington.

A China já rejeitou as acusações dos EUA, considerando-as uma campanha de difamação, e assegurou que o país continua empenhado em promover negociações de paz entre a Rússia e a Ucrânia.

“Os EUA não têm o direito de apontar o dedo às relações entre China e Rússia. Não aceitaremos de forma alguma a pressão e coerção dos EUA”, avisou o porta-voz do Ministério chinês dos Negócios Estrangeiros, Mao Ning, na segunda-feira.
“Amizade sem limites”
Pequim continua a insistir que mantém uma posição neutra na guerra, mas também já frisou que possui uma “amizade sem limites” com a Rússia, pelo que se recusa a criticar a invasão da Ucrânia.

O jornal estatal chinês Global Times referiu-se esta terça-feira à Bielorrússia como um "irmão de ferro" e acusou alguns meios de comunicação ocidentais de olharem para a visita de Lukashenko "através de lentes tendenciosas" e de apontarem a “crescente influência” da China como motivo de preocupação.

“Esta visão mostra desrespeito pela Bielorrússia. Não só é altamente antiquada, como também reflete a falta de sinceridade e a hipocrisia de algumas elites políticas ocidentais em relação à paz”, lê-se no jornal.O Global Times frisa ainda que as relações com países parceiros, entre os quais a Bielorrússia, vão manter-se firmes e baseadas em “interesses comuns”.

Nunca vamos evitar um país só porque os EUA ou outros não gostam dele. Esta é a abordagem correta e que está realmente de acordo com a tendência da globalização e o espírito de diversidade”.

Em setembro, Xi Jinping e Alexander Lukashenko anunciaram uma “parceria estratégica abrangente” durante uma reunião no Uzbequistão, à margem da cimeira Organização para Cooperação de Xangai, na qual Putin também participou.

Na passada sexta-feira, Pequim divulgou um plano de 12 pontos com uma proposta de “solução política” para a guerra. O documento, criticado por líderes ocidentais, ecoa as alegações russas de que os Governos ocidentais são os culpados pela invasão de 24 de fevereiro de 2022 e critica as sanções adotadas contra Moscovo.

Xi Jinping ainda não falou com o presidente ucraniano, Volodomyr Zelensky, desde o início da invasão, embora tenha conversado com Putin em várias ocasiões.

c/ agências
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