O grupo mercenário Wagner reivindicou esta quarta-feira a tomada de “toda a parte oriental” da fustigada cidade de Bakhmut, objetivo-chave que, a ser completamente dominado pelas forças de Moscovo, deixará “caminho livre” para a progressão destas no leste da Ucrânia, nas palavras do próprio presidente do país invadido, Volodymyr Zelensky.
Na terça-feira, o Instituto para o Estudo da Guerra, centro de reflexão com sede nos Estados Unidos, avançava já que as tropas da Rússia teriam “previsivelmente” capturado o sector leste de Bakhmut, na sequência de uma “retirada controlada” das forças ucranianas.Yevgeny Prigozhin tem-se mostrado abertamente crítico da hierarquia militar de Moscovo, queixando-se ciclicamente de falta de munições para os combatentes do grupo Wagner.
Por sua vez, em entrevista à estação norte-americana CNN, emitida esta quarta-feira, o presidente ucraniano insiste na ideia de que as forças do seu país permanecem empenhadas em defender Bakhmut.
“Tive ontem uma reunião com o chefe do Estado-Maior e os comandantes militares”, revela Volodymyr Zelensky, para afiançar que “todos disseram” que a queda de Bakhmut não deve ser dada por inevitável.
“É certo que devemos pensar nas vidas dos nossos militares. Mas devemos fazer tudo o que podermos enquanto recebemos armas, aprovisionamentos, e o nosso exército se prepara para a contraofensiva”, reforçou o chefe de Estado.
Depois de Bakhmut, advertiu Zelensky, as forças russas “podem ir mais longe”: “Podem avançar para Kramatorsk, podem ir para Sloviansk, o caminho ficará livre para outras cidades da Ucrânia”.
Independentemente do custo elevado do objetivo, em homens e material de guerra, a Rússia garante que não desistirá da conquista de Bakhmut, “um nó importante da defesa dos soldados ucranianos no Donbass”, afirmou na terça-feira o ministro russo da Defesa. Sergei Shoigu sinalizou que a captura da cidade permitiria “novas operações ofensivas em profundidade”.
A batalha de Bakhmut é já a mais prolongada – e tida como a mais mortífera – desde o início da invasão russa, em fevereiro do ano passado. Perante o risco de iminente cerco, Zelensky ordenou esta semana um reforço de tropas.
Nas últimas horas, Serhiy Cherevatyi, porta-voz do comando militar ucraniano do leste, surgiu na televisão estatal a sugerir que haverá condições para uma futura contraofensiva em Bakhmut: “A principal tarefa das nossas tropas é moer a capacidade de combate do inimigo, sangrar o seu potencial de combate”.
Iryna Vereshchuk, vice-primeira-ministra ucraniana, indicou, por sua vez, que, de uma população pré-guerra de cerca de 70 mil pessoas, permanecem atualmente em Bakhmut menos de quatro mil civis, incluindo 38 crianças.
A situação em Bakhmut deverá estar em destaque esta quarta-feira numa reunião, em Estocolmo, dos ministros da Defesa da União Europeia, que conta com as presenças do homólogo ucraniano, Oleksii Reznikov, e do secretário-geral da NATO, Jens Stoltenberg. O objetivo do encontro é articular o envio de três carregamentos de munições à Ucrânia – pacote de assistência militar que terá ainda de ser carimbado, a 20 de março, durante uma reunião dos ministros europeus dos Negócios Estrangeiros.
Perante o Parlamento do Canadá, na terça-feira, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, carregou na fórmula do “apoio militar e económico inabalável” às autoridades ucranianas. Voltou também a exigir que a Rússia “pague pelo seu crime de agressão”, aludindo à proposta que fez em novembro da criação de um tribunal especial para o efeito.
c/ agências
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