D. Pedro IV ou a estátua do Rossio que nunca foi a de Maximiliano!
Há 200 anos, foi na Praça do Rossio que soaram os primeiros Vivas à Revolução Liberal em Lisboa.
O autor do grito do Ipiranga, que proclamou a independência do Brasil, apoiou a monarquia constitucional. Lutou contra o seu irmão absolutista, D. Miguel, e venceu.
Como fazer um monumento que homenageasse o monarca liberal e a Constituição?
Tão conturbada quanto a sua vida, foi a construção da homenagem ao Libertador. 3 vezes foi colocada a primeira pedra do monumento. Houve 3 concursos públicos, 2 demolições.
O terceiro concurso internacional foi lançado em 1864. Entre 87 projectos, vence o do escultor Louis Valentin Elias Robert e do arquitecto Gabriel Davioud. O segundo lugar ficou para António Tomás da Fonseca, escultor que anos mais tarde viria a conceber o Monumento aos Restauradores.
O projecto vencedor manteve a ideia inicial de construir uma coluna colossal. A sua leitura ascendente começa com os princípios da sua base: Moderação, Prudência, Justiça e Fortaleza. As armas das 16 cidades do reino. E lá em cima, representado com coroa de louros, o manto real e a Grâ-Cruz da Torre e Espada está definitivamente a figura de D. Pedro IV, I do Brasil, e não a de Maximiliano do México.
Segurando na mão a Carta Constitucional, D. Pedro olha o bisavô absolutista, D. José I, montado a cavalo no Terreiro do Paço.
Este milénio, aquando da limpeza do monumento, foram encontrados frascos com documentos dentro da estátua de D. Pedro IV.
Estão em exposição no Museu de Lisboa até Janeiro de 2021 - os documentos, os projectos para a estátua, os desenhos para um novo Rossio - o centro da cidade.
Com a primeira Constituição nas mãos, a quase 30 metros de altura, a estátua de D. Pedro IV foi inaugurada há 150 anos.