O presidente do Conselho de Arbitragem (CA) da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), Vítor Pereira, anunciou este sábado que vai apresentar uma queixa-crime contra o ex-árbitro Marco Ferreira, que o acusou de fazer pressões a favor do Benfica.
Na entrevista ao jornal espanhol, Marco Ferreira acusou o presidente do CA de condicionar os árbitros nomeados para os jogos do Benfica e relatou episódios em que Vítor Pereira terá telefonado aos árbitros nomeados para apitar jogos do Benfica para exercer pressão.
"Eu e muitos companheiros meus recebemos chamadas do presidente do Conselho de Arbitragem, Vítor Pereira, na semana em que somos nomeados para dirigir jogos do Benfica. Vítor Pereira tem muitos inimigos e muitos opositores, entre eles pessoas do próprio Conselho de Arbitragem e muitos clubes da I Liga. Não o querem ali. O único dos grandes que o apoia é o Benfica", afirmou Marco Ferreira.
O antigo árbitro, de 38 anos, contou que depois do seu trabalho num jogo do Benfica e o Sporting de Braga ter sido contestado pelos 'encarnados', lhe disseram que nunca mais apitaria um dos jogos importantes.
"E desde aí nunca mais apitei qualquer jogo importante. Na época anterior fui considerado o segundo melhor árbitro de Portugal, atrás de Proença. Apitei o Benfica-Sporting e duas vezes o FC Porto-Benfica", referiu.
Marco Ferreira, que deixou a arbitragem no final da época passada depois de ter sido despromovido ao segundo escalão, afirma que depois de ter sido nomeado para dirigir o Rio Ave-Benfica recebeu dois telefonemas de Vítor Pereira.
"Na última chamada disse-me que se não fizesse um bom jogo não poderia nomear-me para o Benfica-FC Porto, que era em abril. Disse para ter cuidado, que aquele era 'o jogo do título do Benfica'", referiu.
O árbitro madeirense, escolhido para apitar a última edição da final da Taça de Portugal, anunciou o fim da carreira em julho, com críticas duras a quem dirige a arbitragem.
Na altura, numa mensagem divulgada nas redes sociais, Marco Ferreira considerou "ter levado um cartão vermelho por ter caráter, por ser sério e por não pactuar com injustiças".
"Saio para poder ganhar a minha liberdade de expressão e acabar com as pessoas que destruíram e continuam a destruir anos e anos de conquistas que a arbitragem portuguesa alcançou", referiu Marco Ferreira, garantindo não se arrepender de "nenhuma palavra que disse contra o 'sistema enraizado'", escreveu.