Artur Jorge, antigo selecionador português e treinador campeão europeu pelo Futebol Clube do Porto, morreu aos 78 anos, revelou esta quinta-feira a família, em comunicado.
"É com profunda tristeza que a família de Artur Jorge Braga de Melo Teixeira comunica o seu falecimento, esta madrugada, em Lisboa, após doença prolongada. Morreu serenamente, rodeado dos seus familiares mais próximos", indica o comunicado, citado pela agência Lusa.
Artur Jorge Braga de Melo Teixeira nasceu a 13 de fevereiro de 1946.
Com uma vida dedicada ao futebol, primeiro como jogador e depois como treinador, o "Rei Artur" foi campeão português um total de sete vezes e orientou a seleção nacional.
Artur Jorge foi o primeiro treinador luso a conquistar uma Taça dos Campeões Europeus, em 1986/87, ao serviço do FC Porto, na mítica final de Viena frente ao Bayern Munique, assim como o primeiro a conquistar um campeonato pelos "dragões" na era Pinto da Costa, em 1984/85, repetindo o feito na época seguinte, em 1985/86, temporadas em que juntou ainda duas conquistas da Supertaça Cândido de Oliveira.
Artur Jorge voltaria a conquistar mais um campeonato para o FC Porto em 1989/90, tendo na época seguinte terminado o seu ciclo no comando emblema da cidade Invicta com as conquistas da Taça de Portugal e de nova Supertaça Cândido de Oliveira.
Depois da passagem pelo FC Porto, Artur Jorge assumiu, ainda que por um curto período, o comando da seleção nacional portuguesa, antes de partir para o Paris Saint-Germain, onde esteve durante três temporadas. Na primeira passagem pelo clube parisiense - regressaria ao PSG em 1998/99 -, conquistou uma Taça de França (1992/93) e um campeonato (1993/94). Quatro anos depois, voltou ao clube para levantar uma Taça da Liga francesa.Longo percurso
Artur Jorge treinou alguns dos clubes mais históricos em Portugal: para além dos "dragões", passou por Benfica, Belenenses e Académica.
O português também teve várias experiências no estrangeiro, tendo ganho a Taça de França e a Ligue 1 com o Paris Saint-Germain.
Como jogador, Artur Jorge começou por se destacar na Académica. Um goleador nato, fez 94 golos em 112 partidas pelos estudantes.
Ingressou no Benfica em 1969, sendo depois o melhor marcador do campeonato português em duas épocas consecutivas: 1970/71 e 1971/72.
Pelos encarnados, o avançado, que foi 16 vezes internacional pela seleção portuguesa, venceu quatro campeonatos e duas Taças de Portugal.
Na sua juventude foi jogador de futebol, representando Porto, Académica de Coimbra (onde como jogador-estudante estudou Filologia Gemânica na Universidade de Coimbra), Benfica e Belenenses. Começou a jogar futebol na praia do Castelo do Queijo, depois jogou andebol no Liceu D. Manuel ll, jogou futebol nos Unidos ao Porto no Torneio do Salgueiros (foi treinador José Maria Pedroto) treinou nessa altura no campo atrás da Igreja Nossa Senhora de Fátima e depois começou a jogar nos infantis do Futebol Clube do Porto.
Foi treinador de diversos clubes - entre os quais o já referido Futebol Clube do Porto, Benfica, Paris Saint-Germain, Tenerife, Vitesse, Al-Nasr, Al-Hilal, Académica de Coimbra e o CSKA Moscovo - e seleções, entre as quais as de Portugal, Suíça e Camarões.
No ano em que treinava o Benfica (1994-1995) foi submetido a uma intervenção cirúrgica a um tumor na cabeça.
A 4 de Fevereiro de 1989 foi feito Grande-Oficial da Ordem do Mérito.Pontapé de moinho de Artur Jorge
Fica para sempre na história do futebol o pontapé de moinho (remate acrobático na horizontal).
Artur Jorge foi o primeiro presidente do Sindicato dos Jogadores e uma voz ativa no sistema laboral nos anos 70.
Na Coimbra dos estudantes, deslumbra no curso de Filosofia e explode nos relvados. Em 1969, vai para o Benfica e tem a ousadia de se sagrar melhor marcador da 1.ª Divisão duas vezes seguidas (1971 e 1972), com o Pantera Negra ao lado. Esperava-se muito dele, só que o calvário das lesões estragou-lhe os planos.
De 1973 a 1975, é operado cinco vezes ao joelho e saiu da Luz. Três anos volvidos, abandona o futebol com apenas 32 anos, ao serviço do Belenenses, após partir a perna num treino no Estádio Nacional.
É o único no futebol português que jogou no FC Porto e no Benfica e que treinou os dois rivais. “Sou portuense e portista”, apresentou-se um dia.