Os quatro primeiros lugares da I Liga de futebol 2020/21, que arranca na sexta-feira, "estão praticamente definidos", segundo o treinador Manuel Cajuda sem vaticinar, porém, o ordenamento final de FC Porto, Benfica, Sporting de Braga e Sporting.
“Isso não me parece interessante. Quando, 50% dos concorrentes de uma prova, o único objetivo que têm é não descer de divisão, não me parece um campeonato que venha no sentido de evolução e inovação a ser positivo”, comentou o treinador natural do Algarve.
Do ponto de vista de Manuel Cajuda, “não parece difícil vaticinar que a luta vá ser a dois [FC Porto e Benfica]” no que diz respeito às contas do título, mas há outra metade do seu pensamento que lhe diz que “vai haver uma aproximação grande do Sporting e do [Sporting de] Braga à luta pelos primeiros quatro lugares”.
Sobre as contas do apuramento para as competições europeias, “o Rio Ave e, claramente, o Vitória de Guimarães” vão disputar a última vaga disponível através da classificação da I Liga, enquanto o Famalicão o deixa “algo interrogativo” devido à mudança substancial operada numa “equipa muito boa que muda 15 jogadores”.
As grandes alterações ocorridas na maioria dos plantéis da I Liga, em ano de enormes incertezas, devido à pandemia de covid-19, são outro dado que deixa o antigo treinador de Sporting de Braga, Marítimo e Vitória de Guimarães, entre outros, bastante “apreensivo”.
“A maior parte das equipas não se reforçaram, renovaram-se. Há equipas que mudaram 14, 15, 16, 17 jogadores. Isto tudo somado com aquilo que são as novas leis da covid-19, a verdade é que se quisermos olhar para o campeonato, de futuro, com clareza, a única coisa que temos de encontrar aqui são uma série de interrogativas”, disse o técnico, confessando que a Lusa o ‘apanhou’ precisamente no momento em que analisava estes dados.
Cajuda considerou, pois, “alarmante”, o facto de haver “equipas que mudaram mais de 50% do plantel” e ainda “algumas delas mudaram de treinador” também, o que significa que “não vai haver continuidade quer no bom, quer no mau sentido”.
“Por exemplo, no Vitória de Guimarães, entraram 16 jogadores novos e equipa técnica. Mas poderia dizer o Boavista, em que entraram 17 jogadores e equipa técnica nova. Não é fácil implementar trabalho bem [feito] em tão curto espaço [de tempo]. Talvez lá para o meio do campeonato, dependendo da pandemia, venhamos a ter, ou não, melhor futebol”, criticou.
Questionado sobre se considera que os clubes do futebol, português estão a ser impudentes ao efetuar tão avultados investimentos em ano de enorme incerteza, devido à pandemia de covid-19, o treinador que terminou a última época ao serviço do Leixões, na II Liga, disse que “não e sim”.
“A única coisa que posso dizer é que investimentos tão grandes como os que se fizeram, é porque as pessoas têm, provavelmente, segurança naquilo que vai acontecer. Eu não teria tanta. Todo o tecido empresarial deste país tem algumas reservas no futuro. Inclusivamente, os grandes cérebros económicos preveem o agravamento da situação económica em Portugal. O futebol não consegue ver, não sei… Parto do princípio que as pessoas têm bons gestores à frente dos clubes”, concluiu.