Estrela da Amadora. Seis centenas de jogos na I Divisão

por Inês Geraldo - RTP
Estrela da Amadora chegou aos 600 jogos na I divisão em Guimarães Hugo Delgado - Lusa

Depois de vários anos arredado da principal liga de futebol em Portugal, o Estrela da Amadora alcançou na última jornada uma marca impressionante. Em Guimarães, a equipa da Reboleira disputou o jogo 600 na I divisão, cimentando o estatuto de clube histórico do futebol português.

Em 1932, Clube de Futebol Estrela da Amadora, em 2020, Club Football Estrela da Amadora. A equipa da Amadora tem passado por vários sobressaltos ao longo das últimas décadas mas a persistência dos amadorenses em voltar a ter o Estrela entre os maiores clubes de futebol em Portugal marcou um regresso há muito esperado e que esta temporada atingiu um novo marco.

Em Guimarães, berço da nação, o Estrela disputou a 600.ª partida no principal escalão do futebol português. O resultado não foi o melhor (derrota por 2-0) mas levou a equipa da Amadora a um marco que muitos não conseguem alcançar.

João Nuno Coelho, sociólogo e comentador desportivo na RTP, lembrou os grandes feitos do Estrela, enquanto equipa de I Liga, estando no top 30 de clubes com mais jogos no primeiro escalão do futebol em Portugal, sendo apenas superado por Benfica, Sporting, Belenenses, Estoril Praia e o Atlético.

Um feito notável, recorda, já que a primeira presença do Estrela aconteceu apenas na temporada 1988/89. João Alves, antigo jogador do Benfica, era o treinador e conseguiu um oitavo lugar, com o mítico José Gomes na presidência do clube, e hoje dá nome ao estádio onde jogam os ‘Tricolores’.

O comentador, que pode ser ouvido semanalmente na Grandiosa Enciclopédia do Ludopédio, relembrou alguns dos grandes nomes do Estrela dentro das quatro linhas. Em primeiro lugar está Rebelo, jogador que vestiu a camisola por 308 vezes, seguido de Rui Neves, com 286 jogos. A fechar este pódio está José Carlos que representou o clube da Amadora por 167 vezes.

No topo dos goleadores, vale a pena falar do brasileiro Gaúcho que marcou 54 golos, entre 1996 e 2001, antes de rumar ao Marítimo.

João Nuno Coelho relembrou a história com vários obstáculos para o Estrela, sem esquecer os grandes sucessos. Uma época depois de chegar à I divisão, o clube da Amadora conseguiu vencer o seu maior troféu: a Taça de Portugal, frente ao Farense, numa finalíssima que levou a equipa treinada por João Alves às competições Europeias.

Um feito de destaque depois de décadas a jogar em campeonatos distritais. A melhor prestação surgiria na temporada 1997/98, com Fernando Santos ao leme, um sétimo lugar que não voltaria a ser repetido.

A temporada 2000/2001 traria a primeira descida de divisão, depois do último lugar no campeonato. O clube regressaria à I Liga mas os problemas financeiros empurraram o clube para a extinção.

Só a vontade das gentes da Amadora permitiu que o clube, hoje denominado Club Football Estrela da Amadora, pudesse voltar a ser reerguido e com um projeto sustentável, após a fusão com o Sintra Football, regressar ao futebol profissional e ao convívio com os grandes.

Um clube com raízes fortes e uma identidade “muito própria” como relembra João Nuno Coelho e que formou grandes jogadores como Jorge Andrade, Dimas, Chainho, Paulo Bento e Rúben Dias, todos eles internacionais por Portugal.

Como curiosidade, a alcunha “Tricolores” é explicada por João Nuno Coelho.

“Nos anos 50, dois adeptos do Fluminense, do Rio de Janeiro, estiveram na Amadora e gostaram tanto da cidade e foram tão bem recebidos que no regresso enviaram vários jogos de equipamentos do Fluminense para os amigos do Estrela e a equipa adotou o tricolor como as suas cores”.
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