O presidente demissionário da U.Leiria, que não paga ordenados há cinco meses, diz querer "ter uma postura de grande profissionalismo" e exige o regresso dos jogadores que rescindiram, senão, com "muita pena", desiste do campeonato
No final de uma reunião de acionistas, na qual estiveram representantes de 85 por cento do capital social da SAD leiriense, João Bartolomeu ameaçou
desistir da prova.
"Se até sexta-feira às 19h00, os atletas que rescindiram não voltarem,
desistimos do campeonato. É irreversível", garantiu.
Segundo o presidente da União de Leiria, esse é "o cenário mais provável",
apesar de cinco jogadores juniores terem sido inscritos a pensar no próximo
jogo, no Estádio da Luz, com o Benfica.
"Queremos ter uma postura de grande profissionalismo. A inscrição dos
juniores foi mais uma cautela, no caso de os seniores que rescindiram não
voltarem ao plantel. Mas caso não regressem, vamos desistir do campeonato",
disse João Bartolomeu.
O presidente demissionário garantiu ter "muita pena" se a decisão tiver de ser tomada.
"Temos de tentar ao máximo que o campeonato não seja adulterado, como já está. Temos muita pena, mas o que desejamos é que os atletas regressem para estarmos presentes no Estádio da Luz", referiu.
João Bartolomeu lembra que a rescisão "tem sete dias para ser revogada",
apelando "ao bom senso de todas as partes".
"Nós estamos disponíveis e gostávamos que eles regressassem, para irmos à Luz e jogarmos em casa com o Nacional. Mas eles é que têm de decidir",
sublinhou.
O responsável lembrou ainda que, caso seja apresentada a desistência na sexta-feira, "a equipa vai para os campeonatos distritais" e, por isso, apela "para que os jogadores regressem".
Apesar de querer o retorno dos atletas, o líder da SAD recusou falar dos ordenados em atraso que servem de fundamento para o pedido de rescisão
coletiva, pois "já se falou demais" sobre o assunto.
A ausência dos jogadores na 28. jornada, diante do Feirense, fez com
que "um possível investidor não queira nada com o Leiria", acusa Bartolomeu.
"Sem a greve, tínhamos solucionado o problema. Agora ninguém quer investir
na SAD, que eu saiba", afirmou.
João Bartolomeu, que está demissionário, garante que "nunca mais" volta
a ser dirigente desportivo, assumindo ser "um desgosto" sair assim, "após
25 anos ao serviço do Leiria".
"O presidente é um alvo abater. Pedi a demissão, mas tenho de estar na SAD 30 dias a fazer a gestão normal. Se não fosse isso já não estava cá. Agora as pessoas têm oportunidade de continuar", frisou.