Morten Wieghorst deveria voltar a sentar-se esta sexta-feira no banco de suplentes como selecionador de futebol da Dinamarca, no jogo com a Espanha, mas uma baixa prolongada por razões de saúde mental atirou, prematuramente, Brian Riemer para esse lugar.
“O que fiz não é algo que se faça habitualmente no futebol. Fico orgulhoso por ter sido suficientemente forte para o fazer e conseguir falar sobre isso”, afirmou Wieghorst, de 53 anos, em entrevista concedida no início de novembro à empresa pública de rádio e televisão dinamarquesa.
O que o antigo futebolista internacional fez foi “ouvir os sinais” do seu corpo e “procurar ajuda”. Isso valeu-lhe uma baixa médica, devido a sintomas fortes de stresse, e custou-lhe a “honra e o privilégio” de treinar a seleção nacional, que representou 30 vezes como jogador.
“A seleção foi uma das razões que me levaram a jogar futebol. Toda a expectativa que tinha e a responsabilidade e a confiança que me foram transmitidas... senti que falhei. Apesar de isso ter tornado a decisão ainda mais difícil, não havia outra saída”, revelou, na mesma entrevista.
Saúde mental em primeiro lugar
Se a saúde mental dos atletas de alta competição saltou para as manchetes com a desistência da superginasta norte-americana Simone Biles de várias finais nos Jogos Olímpicos Tóquio2020, a questão é menos debatida quando se trata de outros agentes desportivos.
“Foi extremamente difícil falar, mas felizmente recebi grande apoio. Também não foi fácil para os meus superiores hierárquicos, que tiveram que fazer algumas escolhas difíceis. Depois disso, tive ajuda psicológica, que foi muito importante. Hoje, estou num lugar melhor”, explicou.
Wieghorst sucedeu em 19 de julho a Kasper Hjulmand, que comandou a seleção da Dinamarca durante quatro anos, e deveria manter-se no cargo até ao fim de 2024, mas os problemas de saúde do treinador interino obrigaram a federação a antecipar a escolha do novo selecionador.