Morreu Bobby Charlton

por RTP
Reuters

O antigo futebolista inglês Bobby Charlton, campeão do Mundo em 1966, morreu hoje, aos 86 anos, informou o Manchester United, clube no qual se notabilizou e se sagrou três vezes campeão inglês e uma vez campeão da Europa.

“O Manchester United está de luto pelo falecimento de Sir Bobby Charlton, um dos maiores e mais queridos jogadores da história do nosso clube”, lê-se no sítio oficial na Internet do clube inglês.

Robert Charlton nasceu em 11 de outubro de 1937, em Ashington, uma cidade mineira no norte de Inglaterra, e chegou em 1954 aos ‘red devils’, clube no qual permaneceu até 1973, antes de rumar ao Preston North End (1973/74) e Watford (1975).

Irmão do também campeão do mundo em 1966 Jack Charlton, Bobby Charlton foi, juntamente com o treinador Matt Busby, um dos sobreviventes do acidente aéreo que vitimou oito jogadores do Manchester United, em Munique, em fevereiro de 1958.

Um dos ‘Busby babes’, Bobby Charlton esteve na reconstrução do Manchester United alcançado os títulos de campeão inglês em 1964/65 e 1966/67 – juntando-os ao cetro de 1956/57 – e a Taça dos Clubes Campeões Europeus de 1967/68, marcando dois dos golos da vitória por 4-1 frente ao Benfica, na final, em Wembley.

No encontro decisivo, em 29 de maio de 1968, Bobby Charlton deu vantagem aos ‘red devils’, aos 53 minutos, Jaime Graça empatou para os ‘encarnados’, levando o encontro para o prolongamento, quando George Best, aos 93, Brian Kidd, aos 94, e, novamente, Bobby Charlton, aos 99, selaram o triunfo inglês.

Antes, no Mundial1966, em 28 de julho, também em Wembley, assinou os dois golos da vitória de Inglaterra sobre Portugal, por 2-1, nas meias-finais, afastando os 'magriços', comandados por Eusébio, que, depois dos golos de Bobby Charlton, aos 30 e 80 minutos, marcou o golo luso, aos 82, na conversão de uma grande penalidade.

A Inglaterra viria a sagrar-se campeã do mundo, ao golear por 4-2 a RFA, após prolongamento, com um 'hat-trick' de Geoff Hurst, com Bobby Charlton a conquistar a Bola de Ouro, relegando Eusébio para a segunda posição na eleição da revista France Football - o antigo médio inglês foi ainda segundo em 1967, atrás do húngaro Flórián Albert, e 1968, atrás do norte-irlandês George Best.

Nomeado cavaleiro do Império britânico em 1994 pela Rainha Elizabeth II, foi o melhor marcador de Manchester United (249 golos) e Inglaterra (49) durante mais de 40 anos, até Wayne Rooney bater ambos os recordes.

Em novembro de 2020, foi tornado público o diagnóstico de demência, a mesma doença que afetou o seu irmão Jack - que morreu em 2020 aos 85 anos - e Nobby Stiles, outro campeão do mundo.

“Formado na nossa academia de juniores, Sir Bobby disputou 758 jogos e marcou 249 golos durante 17 anos como jogador do Manchester United, vencendo a Taça dos Campeões Europeus, três títulos da Liga e a Taça de Inglaterra. Pela Inglaterra, ele somou 106 partidas pela seleção e marcou 49 golos, além de vencer o campeonato do mundo de 1966”, detalhou o Manchester United.

O clube exalta ainda que “após a sua reforma, serviu o clube com distinção como diretor durante 39 anos”.

“O seu histórico incomparável de conquistas, caráter e dedicação vai ficar para sempre gravado na história do Manchester United e do futebol inglês e o seu legado vai viver através do trabalho transformador da Fundação Sir Bobby Charlton”, referiu o clube, que apresenta as “mais sinceras condolências do clube para a sua esposa Lady Norma, as suas filhas e os netos e todos que o amavam”.

Condolências

O príncipe William e o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, entre inúmeras outras personalidades, expressaram condolências pela morte do antigo futebolista.

"Campeão mundial. Cavalheiro. Lenda. Um verdadeiro gigante que vai ser lembrado para sempre. Obrigado, sir Bobby”, escreveu o príncipe William, que também é presidente da Federação Inglesa de Futebol, numa publicação na rede social X (antigo Twitter).

Igualmente elogioso foi o primeiro-ministro britânico, Rishi Sunak, com uma publicação na mesma rede social: “Bobby Charlton ocupa um lugar na história entre os maiores jogadores do futebol e era imensamente amado. Descanse em paz, sir Bobby”.

“As palavras nunca serão suficientes. Lamentamos a perda (…) de uma lenda do futebol, cujo impacto atravessou várias gerações”, escreveu o presidente da FIFA, Gianni Infantino.

O francês Eric Cantona, também antiga glória do Manchester United, dirigiu-lhe elogios: “Descansa em paz, sir Bobby Charlton. Um dos maiores de todos os tempos”.

“Ele foi, para mim, o melhor jogador inglês de todos os tempos. Ele não pode continuar entre nós, mas vai continuar imortal no mundo do futebol. Descansa em paz, sir Bobby”, afirmou Gary Lineker, antigo internacional inglês, melhor marcador do Mundial1986, em declarações à BBC.

Por seu lado, o antigo futebolista David Beckham referiu-se à lenda do Manchester United, clube que ambos representaram, como “um homem de família e um herói nacional”.

“Hoje é um dia triste não só para o Manchester United e para a Inglaterra, mas para todo o mundo do futebol, por tudo o que sir Bobby representava”, escreveu Beckham na rede social X.

Juntamente com uma fotografia na qual aparece, ainda criança, ao lado da velha glória dos ‘red devils’, Beckham refere que Bobby Charlton foi o responsável por ele ter “tido a oportunidade de alinhar no Manchester United”.

Rio Ferdinand, que capitaneou a equipa do United que em 2008 conquistou a Liga dos Campeões, lembrou as palavras de Charlton, imediatamente antes de ter erguido o troféu.

“As palavras que partilhou comigo, antes de eu subir aquela escadaria em Moscovo para levantar o troféu estarão sempre comigo”, afirmou.

Ferdinand referiu depois que Bobby Charlton lhe lembrou a importância da conquista do troféu para os adeptos, para a equipa e para ele próprio.

“Foi um privilégio para mim partilhar com ele aquele momento. Obrigado, Sir Bobby, senhor Manchester United”, referiu Ferdinand, na sua mensagem de condolências a “um verdadeiro ‘gentleman’”.

O atual selecionador inglês de futebol, Gareth Southgate, considerou que o “mundo do futebol está unido na tristeza” devido à morte de Bobby Charlton, “uma lenda indiscutível” da modalidade.

“Partiu um dos nossos mais icónicos jogadores. O papel que sir Bobby Charlton teve na nossa única vitória de um Mundial está à vista de todos” disse Southgate, considerando ter sido “um privilégio” ter estado com ele várias vezes e poder “testemunhar o orgulho e emoção que sentia por ter representado a Inglaterra”. 

Homenagens em português

A Federação Portuguesa de Futebol (FPF) classificou Bobby Charlton como uma “lenda” do desporto e destacou a “personalidade e carisma” do antigo jogador do Manchester United.

“Considerado um dos melhores jogadores da sua geração, Bobby Charlton foi uma lenda do Manchester United, clube que representou durante 17 anos (1956 a 1973), e da seleção inglesa, tendo sido campeão do mundo em 1966, ano em que venceu ainda a Bola de Ouro. Somou mais de 100 internacionalizações pelo seu país”, lê-se numa nota publicada no site oficial do organismo.

Em representação da FPF, o presidente Fernando Gomes enviou uma mensagem de condolências aos clubes em que o antigo atuou, em especial o Manchester United, e à sua família.

“Fernando Gomes lembrou o legado do antigo jogador, destacou a sua personalidade e carisma, enviando uma mensagem de condolências”, acrescenta a nota.

Também a Liga Portuguesa de Futebol Profissional (LPFP) assinalou o desaparecimento de Bobby Charlton, apresentando igualmente as suas condolências à “família, admiradores e nação britânica”, lembrando o “legado inapagável” que deixou no mundo do futebol.

“O antigo jogador do Manchester United deixa um legado inapagável que permanecerá eternamente na memória de todos aqueles que tiveram a oportunidade de testemunhar a sua habilidade em campo”, lê-se numa publicação no site oficial da LPFP.

Nas redes sociais, o FC Porto publicou uma fotografia do ex-internacional inglês com a mensagem: “Sir Bobby Charlton é também imortal por direito. Um dos melhores de sempre”.

(Com Lusa)
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