A Assembleia Geral (AG) extraordinária do FC Porto, que foi suspensa em 13 de novembro e cancelada cinco dias depois, foi uma “noite má” para os vice-campeões nacionais de futebol, frisou o presidente Jorge Nuno Pinto da Costa.
Pinto da Costa comentou publicamente pela primeira vez os incidentes verificados na AG extraordinária de deliberação sobre a revisão estatutária dos ‘dragões’, que foi suspensa logo no próprio dia pelo líder da Mesa da Assembleia Geral (MAG), José Lourenço Pinto.
Transferida à última hora de um auditório do Estádio do Dragão para o Dragão Arena, no Porto, devido à forte afluência, a sessão recomeçou com atrasos, mas diversas pessoas deixaram o pavilhão ao fim de pouco tempo, na sequência de altercações nas bancadas.
“Foi um momento muito mau e desagradável ver sócios contra sócios. Tenho de lamentar tudo o que aconteceu e já tomámos todas as providências para que não se volte a repetir na próxima AG. Decorrem dois inquéritos para apurar os responsáveis: um do Conselho Fiscal e Disciplinar e outro do Ministério Público. Há que aguardar calmamente”, indicou.
Versão dos factos do presidente
No dia seguinte, a direção do FC Porto condenou os desacatos e garantiu que vai utilizar “os meios que tem ao alcance para identificar os responsáveis pelas agressões físicas e mobilizará os órgãos sociais”, visando a abertura de processos disciplinares, enquanto o Ministério Público abriu um inquérito aos acontecimentos observados no Dragão Arena.
“Não direi quem são os principais responsáveis ou estava a antecipar-me aos inquéritos. Agora, tenho de reconhecer que houve algum incitamento nas redes sociais para que as pessoas viessem em grupos (à AG) e filmassem tudo o que pudessem. Não compreendi qual era a intenção”, atirou Pinto da Costa, admitindo só ter identificado entre as pessoas envolvidas nos desacatos o sócio Henrique Ramos, cujo discurso precedeu o fim da AG.
O presidente do FC Porto foi o primeiro a intervir, tendo justificado “tranquilamente e sem o mínimo problema” o seu desacordo com três mudanças estatutárias sugeridas, entre as quais a substituição de abril como junho como limite máximo para a disputa de eleições.
“Atrasar o sufrágio em prol de benefícios desportivos? A comissão do Conselho Superior de alteração dos estatutos até pensou nisso, mas, como apareceram logo insinuações de que estávamos por isto e por aquilo, disse que votava contra e garanti que o próximo ato eleitoral será em abril”, explicou, desagradado ainda com o limite etário de 18 anos para aceder ao voto e as incompatibilidades nos negócios com elementos dos órgãos sociais.
A AG foi inicialmente reagendada para segunda-feira, mas seria desconvocada dois dias antes, na sequência da retirada por parte do Conselho Superior do FC Porto da revisão estatutária em debate, que, de acordo com Pinto da Costa, “não justificava tanto alarido”.
“Intervir para apelar à calma? Não o fiz, já que não me competia. O presidente da MAG é quem conduz os trabalhos. Quando as pessoas entram em zaragata, eu não tenho poder para ir lá separá-las. Não sou segurança. O que fiz foi pedir ao presidente do Conselho Fiscal (Jorge Guimarães) para que comunicasse ao PMAG que, na minha opinião, devia terminar com a AG imediatamente”, rememorou, convicto de que a presença das forças policiais naquele evento privado “poderia ter evitado” danos, mas “era capaz de ser pior”.