A Assembleia Geral (AG) extraordinária de deliberação dos novos estatutos do FC Porto, que havia sido suspensa na segunda-feira e adiada para 20 de novembro, foi cancelada devido à retirada da proposta pelo Conselho Superior.
A decisão aparece dois dias após uma reunião entre os membros do Conselho Superior, que ratificaram “por unanimidade” e no “superior interesse” do clube ‘azul e branco’ uma moção para remover a proposta de revisão estatutária por si elaborada, cuja deliberação precisaria de dois terços de votos favoráveis, mas nem chegou a suceder durante a AG.
Em comunicado, o órgão consultivo, que é comandado, por inerência, por José Lourenço Pinto, referiu que procura “apaziguar o divisionismo que se quer criar na família portista”.
Os trabalhos tinham sido suspensos na segunda-feira pela MAG e, depois, reagendados para 20 de novembro, às 21:00, no Dragão Arena, na sequência de uma reunião magna agitada e com confrontação entre associados, que, face à forte afluência, mudou de local à última hora, passando de um auditório do Estádio do Dragão para o pavilhão do clube.
A reunião magna reiniciou já depois das 22:30, mas várias pessoas abandonariam o local ao fim de pouco tempo, na sequência de altercações verificadas nas bancadas, conforme atestam vídeos divulgados nas redes sociais e relatos de sócios que conseguiram entrar.
No dia seguinte, a direção do FC Porto condenou os desacatos e assegurou que vai utilizar “os meios que tem ao alcance para identificar os responsáveis pelas agressões físicas e mobilizará os órgãos sociais”, visando a abertura de processos disciplinares, enquanto o Ministério Público (MP) instaurou um inquérito às ocorrências notadas no Dragão Arena.
Os novos estatutos substituíam abril por junho como limite máximo para a realização das eleições dos órgãos sociais do FC Porto, que decorrerão no primeiro semestre de 2024.
A hipotética adoção do voto eletrónico e por correspondência, a filiação sénior mínima de 15 anos, em vez dos atuais 10, para se concorrer à presidência ou o acesso ao direito de voto após dois anos ininterruptos como sócio eram outras das alterações em discussão.
O documento pugnava ainda pela manutenção do capital social da SAD face à eventual entrada de novos investidores e dava mais abertura à realização de negócios entre os titulares dos órgãos sociais e os ‘dragões’, protegendo o “manifesto interesse do clube”.