O espólio desportivo herdado pelo filho de Jorge Nuno Pinto da Costa, ex-presidente do FC Porto, que morreu em fevereiro, aos 87 anos, será doado sem contrapartidas ao FC Porto, disse Alexandre Pinto da Costa.
Assumindo-se como “herdeiro legítimo de parte do património”, Alexandre Pinto da Costa recordou que o pai tinha um “museu fabuloso” em casa, onde “guardava religiosamente todo e qualquer objeto que lhe foi oferecido” em 42 anos de presidência, de 1982 a 2024.
“É totalmente falso e mentira que eu ou algum dos meus representantes legais estivesse ou estará a negociar com o FC Porto o nome do meu pai para atribuir ao museu do clube o espólio desportivo que ele tinha, com a finalidade de obter 'royalties', rendas, verbas ou proveitos. Nunca ninguém poderia falar de algo que não é a minha vontade”, prosseguiu.
Alexandre Pinto da Costa garantiu que “o dinheiro e os bens materiais nunca o moveram” no apoio prestado como filho a Jorge Nuno Pinto da Costa “nas alturas em que ele mais precisou”, bem como nos “desacordos” mantidos com o antigo presidente azul e branco.
“Quando o alertei para os perigos que correria pelas escolhas erradas e por estar tão mal acompanhado nos últimos anos de mandatos, afastei-me de livre vontade do presidente, mas não do meu pai, porque desse estive sempre presente quando de mim necessitava. Afastei-me anos a fio de toda e qualquer atividade desportiva e social do clube. Fi-lo com a intenção de evitar aquilo que, infelizmente, o tempo me veio a dar razão e para que não saísse do modo como saiu de uma instituição pela qual tudo deu e tanto amava”, evocou.
O filho de Pinto da Costa ficou orgulhoso pelo tributo do jornal O Gaiense ao pai, que foi o dirigente mais antigo e titulado no futebol mundial e morreu há um mês, vítima de cancro.
“A ovação estrondosa que ele recebeu no Estádio do Dragão após a derrota nas eleições, tal como as cerimónias fúnebres de uma dimensão ímpar, apenas comprovam o amor, o reconhecimento e a gratidão de todos por quem tanto fez pelo clube, mas que não teve a aprovação da maioria (dos sócios votantes), que até viu nos pares que o acompanhavam características que não me atrevo aqui a adjetivar. Quem ama de verdade alerta para o precipício e não salta de mãos dadas com a sua paixão para lá. Foi o que eu fiz”, vincou.
Empossado pela primeira vez em 23 de abril de 1982, seis dias depois de ter sido eleito sem oposição como sucessor de Américo de Sá, o ex-dirigente exerceu funções durante 42 anos e 15 mandatos consecutivos, levando o FC Porto à conquista de 2.591 títulos em 21 modalidades - 69 dos quais no futebol sénior masculino, incluindo sete internacionais.