Foto: António Pedro Santos - Lusa
No rescaldo da noite das eleições europeias, o Presidente da República quis destacar esta segunda-feira que dois terços dos portugueses que, na véspera, foram às urnas e designaram um partido "são pró-europeus". Marcelo Rebelo de Sousa estimou mesmo que a Europa comunitária viveu "um dia positivo".
Foi nas Conferências do Estoril, cuja sexta edição decorre no Campus de Carcavelos da Universidade Nova de Lisboa, que o Chefe de Estado voltou a abordar o score eleitoral de uma "maioria clara pró-europeia", fórmula que havia já utilizado ao final da noite de domingo.
Em reposta à agência Lusa, depois da intervenção no evento, Marcelo Rebelo de Sousa esclareceu que se referia a um conjunto composto por PS, PSD, CDS-PP, Aliança e Iniciativa Liberal.
"Há dois terços dos portugueses que são pró-europeus", vincou Marcelo Rebelo de Sousa, para acrescentar que "isso se confirmou ontem novamente". Pelo que, na sua ótica, o primeiro dia pós-eleições foi "positivo para a Europa".
"No Parlamento Europeu continua a haver uma maioria clara de pró-europeus", sublinhou o Presidente, que não deixou de apontar que "mesmo os que não são entusiásticos pró-europeus têm lugar no Parlamento Europeu e isso é democracia".
"Isso é o triunfo dos valores europeus", insistiu.
"A Europa permite que mesmo aqueles que são críticos, que são céticos, que querem dividir ou afastar caibam na casa europeia. Não os ignora, não os afasta. E o debate sobre a Europa é um debate que cabe na democracia europeia e essa é uma força", propugnou.
Abstenção. "Opção legítima"
Marcelo passou boa parte da noite eleitoral numa iniciativa do Banco Alimentar contra a Fome. E foi aí que comentou os dados da abstenção, contra a qual advertira horas antes, quando ainda decorria a votação para eleger os 21 eurodeputados portugueses.
"Eu não escondi, no meu apelo, como gostaria que houvesse menos portugueses a escolherem não escolher, mas eu respeito todos os portugueses e é uma opção perfeitamente legítima. Aceitar a escolha que os 30 e pouco por cento acabaram por fazer é uma escolha como tudo na vida", afirmou então.
"A abstenção", continuou o Presidente da República "significa que há um conjunto de cidadãos que, perante o leque de escolhas", estima que "a melhor solução é não escolher".
Sem falar das contas políticas internas decorrentes das europeias, Marcelo Rebelo de Sousa enfatizou que o Presidente da República só deve intervir nas eleições legislativas. Até outubro, defendeu, cabe aos partidos o desafio de mobilizar o eleitorado.