Depois do anúncio ainda no século passado, Portugal preparou-se para organizar o Europeu de futebol. O ano de 2004 mostrou o entusiasmo português por receber a maior competição de futebol a nível europeu.
O jornalista Pedro Martins, agora na RTP África, fez a cobertura do evento, iniciando a sua jornada no Algarve, acompanhando a seleção da Rússia, que fez parte do grupo da seleção portuguesa. O jornalista relembrou a dificuldade em conseguir gravar e falar com a comitiva russa que esteve em Portugal protegida com grandes medidas de proteção.
“Eu estava a acompanhar a Rússia, que era uma das seleções adversárias de Portugal. Acompanhei os dois primeiros jogos da Rússia, no Estádio do Algarve. Fiz o estágio da seleção russa, com muitas medidas de segurança. Logo aí foi uma situação nova para nós. Era muito difícil conseguirmos filmar, conseguir falar com os russos. Havia uma questão de segurança muito grande no hotel onde estavam”.
“A maioria das pessoas que lá estavam era adeptos ingleses. Nós assistimos ao jogo no meio dos ingleses. Começaram por festejar, por beber e acabaram muito frustrados quando o Ricardo marcou aquele penálti. Acabaram todos em lágrimas, uns agarrados aos outros. Nós fizemos a reportagem e foi um momento marcante”.
Já Gonçalo Ventura trabalhava na Antena 1 e acompanhou toda a viagem de Portugal, desde o estágio em Óbidos, até à final do Europeu frente à Grécia. O jornalista é perentório em considerar o Euro 2004 o “maior e melhor” momento do desporto português, realçando a união que o evento trouxe aos adeptos por todo o país.
“O país parava. O país parou completamente para ver a seleção e à medida que a seleção foi avançando no torneio, isso foi cada vez mais visível”, lembrou.
O jornalista recordou a primeira partida do Europeu, em que Portugal foi surpreendido pela Grécia, uma das seleções que não fazia parte do lote de favoritos e de como a derrota deitou por terra a “confiança” tanto nos adeptos como no plantel da seleção.
Depois do desaire, Gonçalo Ventura afirma que Portugal foi jogando “finais” e a confiança criada entre os portugueses e de seguida destacou a partida frente à Holanda que dá a final a Portugal, relembrando o golo de Maniche, que a realização da RTP falhou, e o despontar de Cristiano Ronaldo, que fazia a sua estreia em Europeus.
“Passados estes anos todos, nunca mais vi a repetição (…) Lembro-me de o jogo acabar, de sermos profissionais e ter que questionar os treinadores e jogadores. Mas a partir daí tirei férias compulsivas e estive umas semanas fora e ainda não consegui ver esse jogo”.
Apesar de passadas duas décadas do evento que levou milhares de portugueses aos estádios e ao apoio com as bandeiras na janela e o levantar dos cachecóis enquanto se cantava o hino nacional, os dois jornalistas não esquecem um momento significativo daquele Europeu.
Ambos relembraram e ambos disseram-se arrepiados: o apoio que a seleção teve, no dia da final, desde a Academia de Alcochete até ao Estádio da Luz, acompanhada de todas as maneiras e feitios ficou para sempre como um momento inolvidável naquele mês em que Portugal parou para levar a seleção de Luiz Felipe Scolari “ao colo”.