"O Papa desempenhou um papel não negligenciável na queda do sistema socialista", afirma o diário da oposição Kommersant.

"O atentado de 1981, por trás do qual, segundo os peritos ocidentais, se encontra o KGB, está ligado a esse aspecto da sua actividade", acrescentou.

O Kommersant descreve igualmente um Papa conservador.

"João Paulo II foi um conservador constante. Resistiu de forma resoluta às propostas visando reformar a Igreja, como permitir o casamento dos padres ou a ordenação de mulheres. João Paulo II condenou resolutamente o aborto e a homossexualidade", refere.

Para o diário popular Komsomolskaya Pravda, "vários políticos norte-americanos apoiaram activamente a chegada de (Karol) Wojtyla a Sumo Pontífice, a começar pelo célebre anti-comunista, de origem russa, Zbugnew Brzezinski, antigo conselheiro norte-americano para a segurança nacional)".

"Ele pensava que o "seu homem" no Vaticano valeria centenas de divisões no confronto entre o ocidente e o bloco soviético. E ele não se enganou", sublinhou o jornal.

No entanto, o Komsomolskaya Pravda decidiu também enumerar aqueles que considera os falhanços do Papa.

"A sua maior decepção foi ver a forma como os antigos países comunistas da Europa de Leste abraçaram o materialismo, à custa da espiritualidade. O Papa alimentou a esperança de ver a sua Polónia natal levar o espírito de piedade à Europa ocidental. No entanto aconteceu o contrário", considera o jornal.

Para além disso, relembra o diário, "o Pontífice não visitou a Rússia apesar de tudo ter feito para o reforço do catolicismo no nosso país".

O diário governamental Rossiiskaya Gazeta sublinha, por seu lado, as relações pessoais que existiram entre os presidentes russos Boris Ieltsin e Vladimir Putin e o Papa João Paulo II, "que tiveram a sorte de conseguir uma audiência" com o Sumo Pontífice.