Francisco começou por cumprimentar os peregrinos com um “bom dia” em português e agradeceu à reitora da Universidade Católica.
“Disse que todos nos sentimos peregrinos, é uma palavra bonita cujo significado merece reflexão. Literalmente significa deixar de lado a rotina do dia a dia e trejeitar-nos um propósito para lá dos confins”, começou por dizer o papa. “Ou seja, sair para lá da própria zona de conforto, para um horizonte de sentido”.
Para Francisco, “o tema peregrino tem refletida a conduta humana, porque cada um é chamado a fazer grandes perguntas que não têm resposta, resposta simplista ou imediata, mas convidam a uma viagem que é superar-se a si mesmo a ir mais além”.
“É um processo que um universitário entende bem, porque assim nasce a ciência e cresce também a busca espiritual. Peregrino é caminhar ou procurar um objetivo. Há sempre o perigo de caminhar num labirinto, onde não existe objetivo, sem saída”.
Nas palavras do sumo pontífice da Igreja Católica, “desconfiamos de fórmulas pré-fabricadas, são labirínticas. Desconfiamos das respostas que parecem estar ao alcance da mão. Essas respostas saem da manga como cartas de jogo. Desconfiem das propostas que nos oferecem tudo sem pedirmos nada”.
“A desconfiança é uma arma para poder caminhar para a frente e não dar mais voltas. Uma das parábolas de Jesus diz que quem encontra uma pérola de grande valor é o que a procura com inteligência e com espírito de iniciativa e arrisca tudo para obtê-la. Procurar e arriscar são os dois verbos de peregrino”.
"Não estamos doentes. Estamos vivos"
Francisco citou Fernando Pessoa, que afirmou, “de forma atribulada, que estar insatisfeito é ser homem. Não devemos ter receio da inquietação. Pensar que o que fizemos não chega. Estar insatisfeito é um bom antidoto contra a presunção da autossuficiência e contra o narcisismo”.
“O caráter incompleto define a nossa condição de procurador e peregrino. Tal como Jesus disse, estamos num mundo mas não somos deste mundo. Caminhamos nele. Somos chamados a mais outra coisa que é uma desafeição. Temos de nos encontrar interiormente, sedentos, inquietos, incompletos. Buscando um sentido com saudade do futuro”. “E aqui, juntamente com a saudade do futuro, não se esqueçam de manter viva essa memória do futuro”.
O papa frisou, por fim, que “não estamos doentes. Estamos vivos. Preocupemo-nos em pensar quando é que estamos dispostos a substituir o caminho que devemos percorrer”.