Na quinta-feira, milhares de agricultores mobilizaram-se de norte a sul do país. O protesto foi organizado pelo Movimento Cívico dos Agricultores.
Os agricultores invocam vários motivos para este protesto. Exigem a valorização do sector e criticam o Governo por causa do corte nos apoios da Política Agrícola Comum. Garantem que os custos de produção aumentaram e que a guerra na Ucrânia e no Médio Oriente afetaram o sector.
Além disso, muitos foram forçados a adaptar as culturas para uma produção mais ecológica e deveriam ter recebido apoios no quadro do PEPAC - ao invés, sofreram cortes de 35 por cento.A Confederação de Agricultores de Portugal adverte para um problema profuno no sector. Por sua vez, a Confederação Nacional da Agricultura acusa o Governo de ter anunciado como novidades medidas que já estavam inscritas no Orçamento do Estado. E a CONFAGRI considera que o Executivo deveria ter ir mais longe.
A ministra da Agricultura anunciou várias medidas de apoio aos agricultores, como linhas de crédito sem juros e outras ajudas tendo em vista mitigar os efeitos da seca.
Maria do Céu Antunes explicou ainda que haverá uma ajuda para o combustível agrícola e que os agricultores poderão aceder aos apoios já nos próximos dias.
Todavia, o Movimento Cívico dos Agricultores reitera que não foram cumpridas as promessas, pelo que os protestos vão prosseguir.
O sector agrícola português
Há cada vez menos agricultores em Portugal. São agora 650 mil, ou seja, 6,5 por cento da população. Há perto de 30 anos eram um milhão e 500 mil.
O rendimento mensal médio de um trabalhador agrícola é de 823 euros, menos 21 por cento do que a média de quem trabalha por conta de outrém. Em 2021, a riqueza criada pelo sector da agricultura situou-se em 3,5 mil milhões de euros: 1,7 por cento do Produto Interno Bruto.