- O presidente da República ouve esta quarta-feira, ao longo do dia, as oito formações partidárias com representação parlamentar. Isto antes de auscultar, no dia seguinte, o Conselho de Estado para uma eventual dissolução da Assembleia da República. Em nota publicada no portal da Presidência, lê-se que os partidos serão ouvidos "na sequência do pedido de demissão do primeiro-ministro e, designadamente, também nos termos do disposto na alínea e) do artigo 133.º da Constituição";
- Marcelo Rebelo de Sousa recebe os partidos no Palácio de Belém por ordem crescente de representação parlamentar: Livre, PAN, Bloco de Esquerda, PCP, Iniciativa Liberal, Chega, PSD e PS. As reuniões decorrem entre as 11h00 e as 19h00;
- Tudo está agora nas mãos do chefe de Estado. Ao cabo de quase oito anos à frente do governo, António Costa demitiu-se. Uma decisão tomada depois de saber que seria alvo de um inquérito autónomo no Supremo Tribunal de Justiça. Em causa estão os negócios do lítio e do hidrogénio verde. O processo levou a várias detenções, incluindo o chefe de gabinete do primeiro-ministro. Marcelo Rebelo de Sousa aceitou de imediato o pedido de demissão de Costa;
- Afirmando-se de "cabeça erguida" e "consciência tranquila", António Costa sustentou na terça-feira que "a dignidade das funções de primeiro-ministro não é compatível com qualquer suspeição sobre a sua integridade, a sua boa conduta e, menos ainda, com a suspeita da prática de qualquer ato criminal";
- Foram efetuadas buscas, na terça-feira, em gabinetes do Governo, incluindo a residência oficial de São Bento, visando o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Vítor Escária, que foi detido para interrogatório;
- A investigação ao primeiro-ministro vai assim decorrer num processo autónomo. Já o ministro das Infraestruturas, joão Galamba, foi constuituído arguido. E foram detidas duas pessoas próximas de António Costa - Vítor Escária, o chefe de gabinete, e Diogo Lacerda Machado, consultor e amigo pessoal do chefe do Executivo. Foram ainda detidos o presidente da Câmara Municipal de Sines e dois administradores da sociedade Start Campus. Estão em causa suspeitas de crimes de prevaricação, corrupção ativa e passiva de titular de cargo político e de tráfico de influências;
- Marcelo Rebelo de Sousa vai falar na quinta-feira ao país, depois da reunião do Conselho de Estado. O presidente da República mantém, por agora, o silêncio sobre a crise política. Saiu na última noite do Palácio de Belém, mas afirmou apenas que só vai falar ao país após ouvir os conselheiros de Estado.