"É com enorme honra e sentido de responsabilidade que assumo as funções de primeiro-ministro", começou por declarar Luís Montenegro, saudando depois os portugueses na pessoa do presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
O novo primeiro-ministro sublinhou depois que “as eleições demonstraram a vontade do povo português na participação e mudança política” que se comprometeu respeitar e cumprir.
Disse que cabe a cada governante deste executivo cumprir a vontade dos portugueses, dando garantia de que a sua equipa estará “focada na resolução dos problemas das pessoas e na promoção do interesse nacional”, estando neste contexto “concentrados em cumprir o nosso programa”.
Ao presidente da República, prometeu “uma inamovível conduta de colaboração positiva e de cooperação institucional” do seu Governo.
Lembrando depois o contexto internacional de “dois focos de guerra, a tarefa de executar o maior plano de investimento desde a adesão à União Europeia, um elevadíssimo nível de pobreza de metade da população portuguesa”, numa altura em que o Estado não responde aos cidadãos na área da saúde, educação ou habitação, Luís Montenegro diz que seria imperdoável a política tornar-se agravante em vez de solução para estes problemas.
Luís Montenegro defende que quem viabiliza programa deve permitir executivo até fim do mandato.
O primeiro-ministro defendeu que não rejeitar o programa do Governo no parlamento "significa permitir a sua execução até final do mandato" ou até haver uma moção de censura, desafiando o PS a dizer se será oposição ou bloqueio democrático.
O primeiro-ministro defendeu que não rejeitar o programa do Governo no parlamento "significa permitir a sua execução até final do mandato" ou até haver uma moção de censura, desafiando o PS a dizer se será oposição ou bloqueio democrático.
"Não rejeitar o Programa do Governo no parlamento não significa apenas permitir o início da ação governativa. Significa permitir a sua execução até ao final do mandato ou, no limite, até à aprovação de uma moção de censura", defendeu Luís Montenegro, no discurso de tomada de posse, no Palácio da Ajuda, em Lisboa.
Na sua intervenção, o primeiro-ministro afirmou que "o Governo está aqui para governar os quatro anos e meio da legislatura" e "não está aqui de turno" nem para "fazer apena o mais fácil".
"Não estamos interessados em jogos de semântica ou em politiquices estéreis. Se este Governo, como espero e sei que é o desejo dos portugueses, tiver a sua investidura parlamentar e assumir a plenitude dos seus poderes, vai começar desde já a programar e executar reformas estruturais que mudem o país", considerou.
Por isso, defendeu: "A investidura parlamentar, nestas circunstâncias, só pode significar que as oposições vão respeitar o princípio de nos deixarem trabalhar e executar o Programa de Governo".
"Não se trata de uma adesão a esse programa, mas antes de saber se há um bloqueio à sua execução (...) Não rejeitar o Programa do Governo com certeza que não significa um cheque em branco, mas também não pode significar um cheque sem cobertura", disse.
Luís Montenegro dirigiu-se, em particular, ao PS, que governou 22 dos últimos 28 anos.
"Apesar da sua legitimidade em se constituir como fiscalizador da ação do Governo e em Alternativa futura, que compreendemos com total respeito democrático, deve ser claro e autêntico quanto à atitude que vai tomar: ser oposição democrática ou ser bloqueio democrático", considerou.
O primeiro-ministro assegurou que tal será dito aquando da discussão do Programa do Governo na Assembleia da República, prevista para os dias 11 e 12 de abril.
"Mas por lisura de princípios e lealdade institucional, deve também ficar dito neste ato solene, porque encerra a responsabilidade que cada um está disposto a assumir", afirmou.
A Constituição determina que um Governo só entra em plenitude de funções após a apreciação do seu programa pelo parlamento, se não for rejeitado.
A Assembleia da República vai debater o programa do XXIV Governo Constitucional a 11 e 12 de abril, documento que será entregue no dia 10, decidiu na semana passada a conferência de líderes.
O PCP anunciou a intenção de apresentar uma moção de rejeição ao programa do Governo, que dificilmente será aprovada, uma vez que o PS indicou que não viabilizará esta ou outra iniciativa para impedir o executivo de entrar em funções.
c/ Lusa