José Mattoso. Parlamento unânime no pesar pela perda da referência maior da historiografia
No voto, que foi proposto pelo presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, refere-se que José Mattoso, natural de Leiria, ingressou na vida religiosa, na Ordem de São Bento, logo após concluir o ensino secundário.
"Foi como monge que se licenciou em História, na Faculdade de Letras da Universidade Católica de Lovaina, e aí se doutorou em História Medieval. Abandonou depois a vida monástica, constituindo família, sem nunca renunciar à fé religiosa", refere-se no texto da autoria de Augusto Santos Silva.
Para o presidente da Assembleia da República, este professor universitário e investigador, "na vasta obra académica que produziu, não só renovou o estudo da Idade Média portuguesa, principal foco da sua reflexão, como transformou a compreensão da nossa identidade histórica".
"São dele livros fundamentais como Religião e Cultura na Idade Média Portuguesa, Portugal Medieval ou, a sua obra de referência, Identificação de um País. Coordenou as obras coletivas História de Portugal, História da Vida Privada em Portugal e Património de Origem Portuguesa no Mundo -- Arquitetura e Urbanismo", aponta-se depois.
Neste voto, salienta-se também que "o mesmo compromisso com a História e o sentido de responsabilidade cívica" levaram José Mattoso "a aceitar os cargos de presidente do Instituto Português de Arquivos e diretor da Torre do Tombo, ou a ser responsável pelo Arquivo da Resistência em Timor".
"A importância do contributo de José Mattoso na academia, na historiografia e na cultura portuguesa é de reconhecimento unânime e valeu-lhe múltiplas distinções, como o Prémio Pessoa, de que foi o primeiro laureado em 1987, o Prémio Internacional de Genealogia Bohüs Szögyeny, em 1991, o grau de Grande-Oficial da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, em 1992, e o Troféu Latino, em 2007", acrescenta-se no voto proposto pelo presidente da Assembleia da República.
(agência Lusa)