O primeiro a falar foi o presidente da República. Marcelo Rebelo de Sousa destacou o histórico de relações próximas entre os dois países. Em francês, lembrou a significativa comunidade de portugueses que vivem em França. Uma amizade que se projeta em várias áreas, destacou.
Depois, em português, o presidente frisou que “este é o momento crucial na definição de quem é parceiro, aliado e amigo”. Mencionou a união de grande parte dos países em torno da Ucrânia desde a primeira hora.
“Três anos depois, o novo presidente dos EUA rompeu com a orientação do seu antecessor e toda a política externa desde a II Guerra Mundial”, apontou Marcelo Rebelo de Sousa, tendo listado vários dos passos que têm sido dados pela Administração norte-americana, nomeadamente a “interferência” nas eleições federais na Alemanha e a votação da última segunda-feira na Assembleia Geral das Nações Unidas, ao lado da Rússia.
"Questionou a soberania do Canadá, aliado na NATO e na Ucrânia. (...) Questionou a administração da Dinamarca, outro aliado na NATO e na Ucrânia, na Gronelândia. Afirmou o objetivo de paz o mais rápido possível na Ucrânia, assente no entendimento preferencial com a Federação Russa e sem intervenção europeia", elencou ainda.
Perante estas mudanças “só não vê quem não quer ver”, resumiu o chefe de Estado português. “Dia após dia neste último mês, com estes gestos, se foi corroendo a NATO”, acrescentou.
Afirmou que os Estados Unidos não têm "legitimidade jurídica internacional para atacar a soberania de parceiros, aliados e amigos" e "intervir na sua integridade territorial, para preferirem fazer a chamada paz com a Federação Russa e seus aliados, sem a União Europeia", ou mesmo para "reduzirem o papel da Ucrânia a uma sujeição máxima e soberania mínima".
Marcelo Rebelo de Sousa elogiou ainda o papel de Emmanuel Macron ao fazer vincar a posição europeia em plena Casa Branca, como antes fizeram Charles De Gaulle e Winston Churchill no século XX.
O chefe de Estado português terminou a intervenção com um brinde à amizade entre França e Portugal e agradecendo a visita ao país "neste preciso momento".
"Já fizemos história juntos. Enquanto outros ainda não existiam, tivemos um papel essencial na independência norte-americana e Portugal foi um dos primeiros países a reconhecer essa independência", vincou o presidente português, lembrando ainda que as tropas portuguesas foram das últimas a deixar o Afeganistão.