António Guterres. Ataques à UNIFIL podem constituir um "crime de guerra"

por RTP

O secretário-geral alertou que qualquer ataque contra capacetes azuis "pode constituir um crime de gurra", afirmou o seu porta-voz, depois de um carro armado israelita ter entrado "à força" num posto da UNIFIL no sul do Líbano.

Foi a mais recente acusação de violações do mandato da força da ONU por parte de Israel nesta semana.

"O secretário-geral reitera que o pessoal da UNIFIL e as suas bases nunca podem ser alvejadas. Ataques contra soldados da paz violam a lei internacional, incluindo a lei humanitária internacional. Podem constituir um crime de guerra", referiu Stephane Dujarric.

António Guterres apelou todas as partes na região a refrearem ações que possam pôr em perigo os capacetes azuis da ONU. 

No mesmo texto, o secretário-geral da ONU salientou que a UNIFIL "avalia e analisa continuamente todos os fatores para determinar a sua postura e presença", estando a missão a "tomar todas as medidas possíveis para garantir a proteção dos seus soldados".

"A UNIFIL compromete-se a preservar a sua capacidade de apoiar uma solução diplomática com base na resolução 1701 [do Conselho de Segurança], que é a única via possível para a frente", acrescentou o porta-voz de António Guterres, apelando a todas as partes para que cessem as hostilidades.

A resolução 1701 foi adotada, por unanimidade, em 2006, e previa o desarmamento de todos os grupos armados no Líbano, com exceção das autoridades estatais, a ausência de forças externas no país e o respeito por todas as partes de uma "Linha Azul" ao longo da fronteira com Israel, que seria patrulhada por um máximo de 15.000 soldados da UNIFIL.

"Qualquer violação da `Linha Azul` por qualquer parte constitui uma violação da resolução 1701", recorda o `site` da ONU.

"Entre 08 de outubro de 2023 e 30 de junho de 2024, a UNIFIL detetou 15.101 trajetórias, das quais 12.459 foram de sul para norte da `Linha Azul` e 2.642 de Norte para Sul", pode ler-se no mesmo texto explicativo sobre a resolução 1701, que assinala que os ataques contra o Líbano chegaram a 130 quilómetros para lá da fronteira e, no sentido inverso, entraram 30 quilómetros em Israel.

O primeiro-ministro israelita apelou este domingo Guterres a ordenar a retirada da UNIFIL do sul do Líbano, invocando a segurança dos soldados da ONU durante os combates entre Israel e as milícias do Hezbollah na mesma área.
O pedido foi recusado.

"Os capacetes azuis da UNIFIL irão manter as suas posições e a bandeira da ONU continua erguida", frisou o comunicado de Dujarric.

Este domingo, um ataque da milícia xiita libanesa com mísseis antitanque, feriu 25 soldados israelitas. O exército de Israel afirmou que um dos seus veículos forçou a entrada de um posto da UNIFIL quando tentava retirar os feridos, debaixo de fogo.

A UNIFIL exigiu explicações sobre o sucedido, acusando Israel de ter rebentado os portões do complexo da ONU e de ter colocado em perigo os soldados da paz.

De acordo com o porta-voz do secretário-geral da ONU, a entrada de uma posição das Nações Unidas foi hoje "deliberadamente rompida por veículos armados das Forças de Defesa de Israel".
PUB