CEO da Sonae defende "estabilidade" e entendimentos em "causas fundamentais"
A presidente executiva (CEO) da Sonae, Cláudia Azevedo, considerou hoje que os resultados das legislativas de domingo foram "um grito de mudança" e apelou à "estabilidade" e a que os partidos "se entendam" em torno de "causas fundamentais".
"Tentando não me meter muito em política, porque não é a minha especialidade, o que eu acho é que, no domingo, as pessoas mostraram uma vontade muito grande de que as coisas mudem. Tanto o número de pessoas que foram votar, como votaram, acho que há um grito de mudança grande e é importante, qualquer que seja a solução governativa -- e não me vou meter aí - que haja estabilidade", afirmou a líder da Sonae durante a apresentação das contas de 2023 do grupo.
Para a CEO, "é muito importante que os partidos percebam que as pessoas votaram porque sentem que as políticas até hoje não tratam da sua vida", sendo que "não há razão nenhuma para os partidos não se entenderem todos em causas fundamentais".
"Ninguém gosta de uma justiça lenta, acho que todos podem colaborar para a justiça ser mais rápida. Na educação, nem os professores, nem os pais, ninguém gosta que a educação e a escola pública estejam neste estado, e a mesma coisa com a saúde. Porque é que não nos podemos entender todos para nestas áreas ter políticas de futuro?", sustentou.
Questionada sobre a eventualidade de o país voltar a ir a votos em breve, face aos resultados das eleições de domingo, Cláudia Azevedo assumiu-se preocupada com "o cenário de Portugal estar sempre a ir a eleições", porque "depois as coisas não são decididas".
"Preocupa-me. Mas preocupa-me mais a falta de políticas de futuro para Portugal. Portanto, o meu apelo é por favor entendam-se e nós fazemos a nossa parte, se houver alguma parte para as empresas, para realmente corrigir as coisas, porque as pessoas sentem que as políticas não estão orientadas para elas", enfatizou.
"No domingo -- acrescentou - as pessoas votaram a dizer isso, a dizer por favor, estamos fartos de politiquices, queremos políticos orientados para o futuro e não fazer oposição por oposição, mas fazer uma política construtiva".
A Aliança Democrática (AD), que junta PSD, CDS e PPM, com 29,49%, conseguiu 79 deputados na Assembleia da República, nas eleições legislativas de domingo, contra 77 do PS (28,66%), seguindo-se o Chega com 48 deputados eleitos (18,06%).
A IL, com oito lugares, o BE, com cinco, e o PAN, com um, mantiveram o número de deputados. O Livre passou de um para quatro eleitos enquanto a CDU perdeu dois lugares e ficou com quatro deputados.
Estão ainda por apurar os quatro deputados pela emigração, o que só acontece no dia 20 de março. Só depois dessa data, e de ouvir os partidos com representação parlamentar, o Presidente da República indigitará o novo primeiro-ministro.