Sondagem da Universidade Católica. PS cai mas segura maioria de 36% face a PSD estacionado nos 33%
O PS mantém a preferência dos portugueses para as legislativas deste domingo com 36% das intenções de voto, apesar da queda de um ponto percentual em relação à semana anterior, com o PSD estacionado nos 33%. A sondagem desta quinta-feira do Centro de Estudos de Sondagens de Opinião (CESOP) da Universidade Católica para a RTP, Antena 1 e Público revela ainda que a esquerda garante uma maioria parlamentar de 49% face aos estimados 47% da direita, onde a IL assume o papel de potencial terceira força política.
Em relação à intenção de voto nas legislativas de 30 de Janeiro, o inquérito do CESOP – realizado entre 19 e 26 de janeiro – revela a perda de um ponto percentual do PS face à semana anterior (de 37 para 36 por cento), o que faz cair a vantagem socialista para três pontos, com o PSD a recolher os mesmos 33%. A sondagem desta semana aponta ainda que António Costa continua a ser o preferido para primeiro-ministro com 48% das respostas, contra os 36% recolhidos por Rui Rio na preferência para chefiar o futuro governo. A descida de dois pontos percentuais de Costa (antes com 50%) e a subida de Rio (antes 35%) não foram suficientes para inverter esta tendência.
Entretanto, o Chega, que há uma semana se apresentava como potencial terceira força política, arrisca agora cair várias posições, apesar de manter a mesma intenção de voto de 6%. O novo cenário deve-se muito ao ganho da IL, que subiu um ponto percentual dos anteriores 5% para os actuais 6%, surgindo agora a seguir aos dois maiores partidos, uma perspectiva que fica mais clara na potencial distribuição de deputados (antes 4-6 e agora 5-10).
O mesmo se verifica com o BE, que também trepa um ponto dos 5% para os 6%, com uma estimativa de construir um grupo parlamentar de 6 a 13 deputados, quando antes garantia entre 5 e 8 parlamentares (o que era uma ameaça de perda de mais de metade dos deputados da anterior legislatura - 19).
Sem variações, a sondagem revela que a CDU continua a garantir 5% das intenções de voto, o mesmo sucedendo com CDS-PP, Livre e PAN com 2%.
Na pergunta sobre “qual vai ser o partido mais votado” nas legislativas, independentemente das suas preferências partidárias ou intenção de voto, o PS continua à frente com uma larga maioria (65%) das respostas, apesar da descida face aos 72% da semana passada. Já o PSD, sobe dos 16% para os 20%.
Entretanto, questionados sobre a intenção de ir votar no próximo domingo, uma grande maioria de inquiridos (72%) respondeu que “votaria de certeza” (subida face aos 70% de há uma semana), mantendo-se os 18% que “em princípio sim”. Por outro lado, 4% “de certeza que não irá votar” (eram 3% antes) e 2% “não tencionaria fazê-lo” (1% antes). Os indecisos que “não sabem se irão votar” são agora 5%, face aos 8% da sondagem anterior.
Estas respostas não permitem, contudo, prever os números da abstenção. O CESOP refere que “a partir destas respostas não é possível prever um valor para a abstenção. Sabemos que entre as pessoas que aceitaram participar na sondagem, 72% dizem que vão votar de certeza. Esta percentagem nada nos diz sobre o comportamento das pessoas que foram contactadas e não aceitaram responder ao inquérito. Apenas podemos especular, em função das taxas de participação eleitoral e do histórico de sondagens, que muito provavelmente a percentagem de prováveis votantes entre os que não responderam será muito mais baixa do que entre os inquiridos”.
Distribuição de deputados. Esquerda à frente com Chega a perder fôlego
Face às respostas obtidas, o CESOP estimou o que poderá ser a distribuição das cores políticas no hemiciclo que vai sair das legislativas deste domingo. Em relação aos principais contendores deste escrutínio, o PS terá no mínimo 95 deputados e 105 no máximo, enquanto o PSD conseguirá entre 89 e 99 parlamentares. Os números desta sondagem revelam uma descida dos socialistas face ao intervalo 99-110 de há uma semana, uma perda não aproveitada pelo PSD, que mantém praticamente a mesma perspectiva face à sondagem anterior (89-100).
De assinalar ainda que o Chega, que há uma semana se apresentava como potencial terceira força política, piora aqui os resultados, apesar de manter os limites de 7 a 9 deputados. A eventual perda de lugares no ranking deve-se à melhoria da IL, que tem agora a perspectiva de eleger 5 a 10 deputados numa franca subida face aos números anteriores (4-6), do BE com 6 a 13 parlamentares (antes 5-8) e até da CDU com 4 a 10 (antes 5-9).
Entre os partidos com previsão de grupos parlamentares mais curtos, todos eles mantêm os números previstos há uma semana: o PAN e o Livre, ambos com estimativa de 1 ou 2 deputados, e CDS-PP com 0 a 2 deputados a continuar a não afastar a sombra do desaparecimento do Parlamento.
Quanto aos deputados dos círculos da Europa e Fora da Europa, o centro de estudos da Católica nota que, “com base nos resultados desta sondagem, é impossível estimar a distribuição de deputados (…) Para esta contagem, assumimos a manutenção da distribuição atual nestes círculos: PS e PSD com 2 cada um”.
António Costa mantém preferência como “melhor PM”
Questionados sobre quem será melhor primeiro-ministro, “independentemente das suas preferências partidárias”, 48% dos inquiridos apontam António Costa, actual detentor do cargo, muito distante dos 36% que vêem Rui Rio como aquele que melhor lideraria um governo.
António Costa mantém-se desta forma como o favorito dos portugueses para conduzir o executivo, apesar da baixa de dois pontos percentuais face aos 50% obtidos na sondagem da Católica de há uma semana e da ligeira subida de Rui Rio, com mais um ponto percentual.
Apesar do desgaste da governação e da crise política que desencadeou as eleições antecipadas, António Costa garante os níveis de 2019, quando recebia a preferência de 51% dos inquiridos na sondagem do CESOP de há dois anos. Rui Rio tinha então um resultado de 25%.
Ficha Técnica
Este inquérito foi realizado pelo CESOP–Universidade Católica Portuguesa para a RTP, Antena 1 e Público entre os dias 19 e 26 de janeiro de 2022. O universo alvo é composto pelos eleitores residentes em Portugal. Os inquiridos foram selecionados aleatoriamente a partir duma lista de números de telemóvel, também ela gerada de forma aleatória. Todas as entrevistas foram efetuadas por telefone (CATI). Os inquiridos foram informados do objetivo do estudo e demonstraram vontade de participar. Foram obtidos 2192 inquéritos válidos, sendo 46% dos inquiridos mulheres, 32% da região Norte, 21% do Centro, 34% da A.M. de Lisboa, 5% do Alentejo, 4% do Algarve, 2% da Madeira e 2% dos Açores. Todos os resultados obtidos foram depois ponderados de acordo com a distribuição da população por sexo, região e voto nas legislativas de 2019. A taxa de resposta foi de 42%*. A margem de erro máximo associado a uma amostra aleatória de 2192 inquiridos é de 2,1%, com um nível de confiança de 95%.