O líder do PSD assumiu que o partido não conseguiu o principal objetivo de vencer as eleições, mas garante que o resultado “não foi uma grande derrota”. “Não há desastre nenhum”, afirmou. Sobre a continuidade à frente do partido, argumenta que isso vai merecer “serenidade, maturidade e ouvir as pessoas”. Apesar de se assumir como o responsável pelos resultados, enquanto líder, garante que a responsabilidade “não é exclusiva”. Isto depois de ter elencado circunstâncias externas, mas também “uma instabilidade nunca antes vista na história do PSD”.
Já antes, o líder do PSD diz que o seu futuro à frente do partido merece “ponderação e serenidade, de ouvir as pessoas. É assim que a maturidade manda fazer”.
Na perspetiva de Rio, estas eleições não representaram “uma grande derrota que previam e alguns desejavam”, nem uma “hecatombe”. “Não houve desastre nenhum”, assegurou.
Apesar de admitir que o PSD não atingiu o principal objetivo, vencer o PS, defendeu que o resultado “é positivo”, considerando as circunstâncias com que se debateu e a “hecatombe que dizia que íamos ter, o pior resultado de sempre, uma coisa absolutamente desgraçada”.
Rui Rio refere ainda que o resultado do PSD nesta noite é "praticamente idêntico" ao das eleições legislativas de 2015, caso se junte a percentagem do PSD com os votos do CDS-PP.
O PSD conquistou 27,9 por cento dos votos e conquistou 77 deputados, quando ainda faltam 4 deputados do círculo internacional. Em 2015, tinha conseguido 89 deputados, tendo avançado em coligação com o CDS.
“O PS teve a maioria absoluta? Não teve. A esquerda teve mais de 66% dos votos? Não teve. O PSD teve o pior resultado de sempre? Não teve. Compare estes resultados com autárquicas e europeias e com a evolução que isto é”, atirou Rio.
“PSD deu um passo em frente para reconquistar a confiança dos portugueses”, considerou, dizendo que a vitória do PS “não foi assim tão grande”.
“O primeiro responsável, para o bem e para o mal, sou eu”, seguiu Rio, quando questionado sobre a sua quota-parte de responsabilidade nos resultados. No entanto, assegura que isso “não é responsabilidade de uma pessoa em circunstância nenhuma”.
“Há circunstâncias envolventes”, remetendo para a lista de razões que tornaram a disputa eleitoral mais difícil para o PSD e com que iniciou o discurso.
“Instabilidade nunca antes vista na história do PSD”O líder social-democrata elencou uma lista de razões “internas e externas” que ajudam a explicar o resultado.
“Uma instabilidade de uma dimensão nunca antes vista na história do PSD, exclusivamente motivada por ambições pessoais”, declarou Rui Rio, depois de dizer que isso aconteceu com a “conivência de alguma comunicação social” através da participação de comentadores “com agenda política contra o PSD”.
O líder social-democrata estima que o surgimento de novos pequenos partidos à direita do PSD tenha representado uma quebra de votos na ordem dos 2%, além de algum efeito idêntico também no CDS-PP.
Rui Rio afirmou que a conjuntura internacional permitiu resultados económicos favoráveis, “sem que o PS tivesse de fazer muito” para conseguir esse trunfo eleitoral.
O social-democrata foi ainda muito crítico com a “prolongada publicação de sondagens que davam como fechada a vitória do PS”, lembrando sondagens que há três semanas estimavam uma maioria absoluta dos socialistas.
“Ninguém sabe o que o PS quer fazer”
Falando aos jornalistas antes de António Costa, Rui Rio não quis fazer grandes contas ao futuro da governação e ao papel do PSD. “Ninguém sabe o que o PS quer fazer”, colocando o ónus da iniciativa aos socialistas.
Realçou que o partido irá agora analisar a envolvente política quando o panorama parlamentar estiver fechado, adiantou que vão ser reunidos os órgãos do partido. E garante que na posição que for não tomada, “não vai sair nada de diferente do que eu sempre disso”.
Questionado sobre se está disponível para alinhar em reformas estruturais, o líder social-democrata defendeu que "Portugal precisa de um conjunto de reformas estruturais que, não sendo feitas, tem ali um estrangulamento no seu desenvolvimento".
Rui Rio adiantou que vai assumir o lugar de deputado na Assembleia da República
"Eu estou disponível, não só para colaborar, como até para convencer os outros a fazerem essas reformas estruturais nucleares para o futuro de Portugal, seguramente com o PS, porque sem o PS não se consegue fazer, mas também com todos os demais que entendam associar-se a esse objetivo nacional", frisou.
Mas Rui deixou um aviso à navegação. “PSD deve olhar muito a sério para as autarquias”, que considerou serem a base do partido. “As próximas eleições autárquicas vão ser nucleares, estratégicas, para o futuro do PSD”, avisando que o partido tem de inverter a tendência de perda de representação autárquica. “É uma responsabilidade da próxima direção nacional do PSD”, afiançou.
No discurso da noite de eleições, o líder do PSD disse que já telefonou a António Costa, tendo felicitado o secretário-geral do PS pela vitória. Agradeceu ainda o apoio de todas as estruturas do partido.