O ex-primeiro-ministro francês anunciou esta terça-feira que pretende integrar a candidatura do Presidente eleito nas legislativas de junho. Estas declarações já mereceram uma resposta - fria - por parte do movimento de Emmanuel Macron, que garante que Manuel Valls terá de entregar a candidatura como qualquer outra pessoa. "As regras são iguais para todos", lembra o porta-voz do sucessor de François Hollande.
Manuel Valls fez parte do Governo de François Hollande em que Macron foi ministro da Economia. Entregou o cargo a Bernard Cazeneuve no ano passado para ser candidato nas eleições presidenciais, mas não conseguiu vencer nas primárias do Partido Socialista e foi derrotado por Benoît Hamon no final de janeiro.
Agora, após a vitória do candidato do movimento En Marche!, entretanto rebatizado En Marche la République, o ex-primeiro-ministro socialista reiterou na entrevista desta terça-feira que o Partido Socialista francês "está morto" e "não tem futuro".
Questionado sobre se seria candidato pela comuna de Évry, Valls esclarece que continua a ser socialista. "Não renego 30 anos de compromisso da minha vida política".
No entanto, o antigo governante diz que quer o "sucesso" do novo Presidente e convida ainda todos os deputados demissionários que apelaram ao voto em Macron.
"Os velhos partidos estão a morrer ou estão mortos", conclui Manuel Valls, depois de uma eleição histórica em que os candidatos dos principais partidos políticos franceses ficaram arredados da segunda volta das eleições.
Uma questão "racional"
Emmanuel Macron, candidato centrista que lançou um novo movimento político, e Marine Le Pen, a candidata ligada à extrema-direita, foram os candidatos a passar à segunda volta de domingo, deixando para trás os candidatos do sistema, nomeadamente Benoît Hamon e François Fillon, vencedores das primárias socialistas e do partido Les Républicains, antiga UMP.
Ainda antes da votação para as eleições presidenciais, no final de março, o antigo primeiro-ministro socialista admitia que iria votar em Macron, ou seja, contra o candidato do seu próprio partido.
Valls justificava na altura a decisão apenas como "uma questão racional", sublinhando os receios de uma possível ascensão ao poder de Marine Le Pen e da Frente Nacional.
"Perante a ameaça do populismo e da extrema-direita, não quero assumir nenhum risco. Vou votar em Emmanuel Macron", afirmava na altura o antigo governante.
"Como qualquer outra pessoa"
Minutos depois do anúncio de Manuel Valls, o movimento de Emmanuel Macron reagiu à declaração de apoio com desdém e desvalorizou o eventual apoio do antigo governante nas legislativas.
Em entrevista à Europe 1, o porta-voz do Presidente eleito lembrou que o ex-primeiro-ministro "ainda não foi investido pela Comissão do partido, ou a sua candidatura escapou-se-me".
Benjamin Griveaux garantiu que Manuel Valls "terá de entregar a candidatura como qualquer outra pessoa", uma vez que as regras "são iguais para todos."
"Se não apresentar um pedido, não pode ser investido pelo movimento En Marche!. Ainda lhe restam 24 horas. O procedimento é igual para todos, incluindo para ex-primeiros-ministros", insistiu o responsável.
Apoio importante para Macron
Ouvido pela Antena 1, o comentador de assuntos de política internacional, Filipe Vasconcelos Romão, considera que o Presidente eleito "precisa urgentemente de conferir institucionalidade ao seu movimento político" e de pessoas "com experiência política".
"Valls é a pessoa mais indicada para o fazer, tendo em conta o tempo as funções que já desempenhou enquanto primeiro-ministro", acrescenta.
Este apoio do antigo governante em deterimento do apoio ao Partido Socialista francês, é visto com naturalidade pelos franceses, tendo em conta o caráter "pragmático" do ex-primeiro-ministro.
Por outro lado, o programa de Emmanuel Macron "tem bastantes semelhanças com aquilo que Valls tentou implementar como primeiro-ministro", numa posição ideológica mais à direita que o Presidente cessante, François Hollande, segundo explica Filipe Vasconcelos Romão.
Cinco semanas para as legislativas
No dia de rescaldo após a eleição de Emmanuel Macron, o Presidente eleito anunciou na segunda-feira que vai abandonar a liderança da campanha do movimento En Marche La République, que visa alcançar uma maioria na Assembleia Nacional nas eleições legislativas, que vão decorrer a 11 e 18 de junho.
Na segunda-feira, o porta-voz do movimento, Richard Ferrand, anunciava em conferência de imprensa que seria apresentado um candidato por cada uma das 577 divisões territoriais francesas, adiantando ainda que metade dos candidatos seria da sociedade civil e que "pelo menos 50 por cento" seriam mulheres.
Cinco semanas para as legislativas
No dia de rescaldo após a eleição de Emmanuel Macron, o Presidente eleito anunciou na segunda-feira que vai abandonar a liderança da campanha do movimento En Marche La République, que visa alcançar uma maioria na Assembleia Nacional nas eleições legislativas, que vão decorrer a 11 e 18 de junho.
Na segunda-feira, o porta-voz do movimento, Richard Ferrand, anunciava em conferência de imprensa que seria apresentado um candidato por cada uma das 577 divisões territoriais francesas, adiantando ainda que metade dos candidatos seria da sociedade civil e que "pelo menos 50 por cento" seriam mulheres.
O movimento político vai apresentar os candidatos parlamentares na próxima quinta-feira. No domingo, realiza-se a tomada de posse de Emmanuel Macron, prevista para as 10h00 locais. No início da próxima semana, deverá ficar conhecido o nome indicado pelo novo Presidente para assumir o cargo de primeiro-ministro.