"Não é apenas por ser português". Montenegro enumera razões para apoio a Costa

por Joana Raposo Santos - RTP
Foto: Nikos Oikonomou - Anadolu via AFP

O primeiro-ministro esclareceu esta quarta-feira que o seu empenho para que António Costa seja escolhido para o Conselho Europeu "não é apenas por ele ser português", mas por reunir todo um conjunto de qualidades para o cargo. Além disso, disse não confiar em "nenhum outro socialista na Europa" para desempenhar essas funções. Luís Montenegro reagiu também às críticas de "conflitualidade política interna", garantindo que, apesar de ter sido líder da oposição, "os planos não se confundem".

“Estamos fortemente empenhados, motivados e também otimistas relativamente à possibilidade de o dr. António Costa poder vir desempenhar nos próximos dois anos e meio a função de presidente do Conselho”, declarou o chefe de Governo aos jornalistas em Paris, onde se encontra esta quarta-feira com o presidente francês.

Luís Montenegro reforçou que este empenho “não é apenas por ele ser português”.

“É por ele ser português, é por ele ser um europeísta, é por ele ser portador de valores de respeito pela paz, pela democracia, pela solidariedade política e económica entre os Estados da União Europeia”, enumerou.

E é ainda por, “na função específica de coordenador do Conselho Europeu, ter a habilitação para construir as pontes que são necessárias entre os Estados-membros e até entre algumas sensibilidades político-partidárias diferentes”, acrescentou.
“Não confio em mais nenhum”
Sobre as críticas dos que “insistem em confundir” o seu apoio a Costa “com a conflitualidade política interna” e com o facto de ter sido líder da oposição ao Governo socialista do ex-primeiro-ministro, Montenegro assegurou que os planos são distintos.

“Os planos não se confundem e os portugueses e as portuguesas ainda recentemente, nas eleições europeias, deram ao PSD e ao PS (…) uma votação expressiva que representa 15 dos nossos 21 mandatos no Parlamento Europeu”, afirmou.

O primeiro-ministro acredita que mesmo os portugueses que não concordaram com o desempenho de António Costa nessas funções “compreendem que é do interesse do país e da Europa” que ele seja o escolhido para o Conselho.

“Não vejo na família socialista, nem confio mais em nenhum outro socialista na Europa para desempenhar essa função”, vincou.

Montenegro disse ainda esperar que na próxima semana, no conselho formal, a eleição possa ficar fechada, já que esse entendimento significará que a Europa “está unida, coesa, para iniciar este novo ciclo político nas instituições europeias para os próximos cinco anos”, período que se prevê desafiante.

Em França para ser recebido pelo presidente francês, o primeiro-ministro Luís Montenegro disse que deverá ter ocasião de conversar com Emmanuel Macron sobre este tema.

“Teremos ocasião de abordar todo o contexto das relações bilaterais, que são multifacetadas. Portugal tem uma comunidade de mais de um milhão de portugueses aqui em França, temos relações históricas, económicas, culturais, que é importante desenvolver”, declarou.
pub