Meloni reúne-se com Orbán em semana decisiva para principais cargos da UE

por Lusa

A primeira-ministra italiana, Giorgia Meloni, reuniu-se hoje em Roma com o homólogo húngaro, Viktor Orbán, no âmbito de um périplo que também o levará a Paris e Berlim, antes de a Hungria assumir a presidência da União Europeia (UE).

O encontro decorreu antes da cimeira europeia desta semana, que se prevê seja importante no que se refere às decisões sobre os cargos de topo do bloco comunitário europeu, após as eleições europeias deste mês.

Meloni e Orbán têm boas relações e estão de acordo em questões como o combate à imigração ilegal e à queda das taxas de natalidade e à definição de limites à soberania partilhada da UE.

Contudo, Orbán não partilha a posição de firme apoio do Governo italiano à Ucrânia, no seu combate contra as forças invasoras russas.

Ao nível comunitário, Meloni é a presidente do grupo partidário dos Conservadores e Reformistas Europeus (ECR, na sigla em inglês), ao qual pertence o partido de direita Irmãos de Itália (FdI, na sigla em italiano), enquanto o Fidesz de Orbán não faz parte de nenhum grupo parlamentar europeu, depois de se ter retirado do Partido Popular Europeu (PPE), de centro-direita, há dois anos.

Espera-se que Orbán se junte ao ECR, mas está a levar mais tempo que o previsto.

Meloni, cujo FdI manteve a sua posição como o partido mais votado de Itália nas eleições europeias, com cerca de 29% dos votos, deverá exigir para Itália um lugar de topo na Comissão Europeia, com o ministro do Plano Nacional de Recuperação e Resiliência (PNRR), Raffaele Fitto, como "cabeça de lista" de Roma.

Existem também rumores de que o PPE da presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, poderá levar o ECR para a maioria governamental no Parlamento Europeu, em vez dos Verdes.

Prevê-se que o papel de Orbán nas negociações sobre os principais cargos da UE não seja fulcral, em parte devido à sua posição sobre a Ucrânia.

O vice-primeiro-ministro, ministro dos Negócios Estrangeiros e líder da Força Itália (FI), Antonio Tajani, reiterou hoje a convicção de que o PPE deve tentar forjar uma aliança com o ECR e rejeitar a ideia de trazer os Verdes para a atual coligação liderada pelo PPE e que conta também com os Socialistas e Democratas (S&D) e o grupo liberal Renascimento, do Presidente francês, Emmanuel Macron.

"Não podemos deixar entrar os Verdes e não devemos continuar o legado de Timmermans", sustentou, referindo-se a Frans Timmermans, o líder do Partido Trabalhista neerlandês, que é considerado o principal artífice do `Green Deal` da UE.

Os partidos de direita e de centro-direita estão a tentar atrasar a aplicação do Acordo Ecológico e atenuar os seus ambiciosos objetivos.

Os S&D têm repetidamente vetado a entrada do ECR na coligação tripartida, descrevendo o grupo parlamentar de Meloni - que inclui o partido Vox, de Espanha, o polaco Lei e Justiça (PiS) e os Democratas da Suécia - como "de extrema-direita", e têm feito um forte `lobby` em favor da entrada dos Verdes.

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