Esquerda vê extrema-direita aproximar-se nos Países Baixos, irlandeses e checos já foram a votos

por RTP
Bas Eickhout e Frans Timmermans (dir.) reagem ao anúncio dos resultados provisórios. ANP via AFP

São cerca de 370 milhões os eleitores europeus agora chamados a eleger os 720 eurodeputados do Parlamento Europeu para os próximos cinco anos num momento em que a Europa [dos 27] enfrenta um caminho estreito e cheio de bifurcações onde a extrema-direita procura impor a sua agenda. Defesa e imigração surgem aqui como temas fundamentais e igualmente delicados que podem definir o perfil do Velho Continente para as próximas décadas.

A Europa dos 27 vive estes dias um momento-charneira que poderá vir a definir o que é a construção do futuro do Velho Continente com as sondagens a apontarem para o crescimento exponencial nas famílias da direita populista e da extrema-direita no parlamento Europeu. Dos Países Baixos chegam no entanto indicações de que não terá obrigatoriamente de ser assim.

Com a imigração também à cabeça, os eleitores dos Países Baixos foram os primeiros a ir a votos. Sondagens à boca das urnas confirmam a subida a pique do PVV de extrema-direita de Geert Wilders, que passa de um eurodeputado em 2019 para sete agora em 2024. Ainda assim, abaixo dos oito lugares que a sondagem aponta à aliança dos verdes com a esquerda. 
Depois dos holandeses, votaram hoje os irlandeses e os checos.

Bas Eickhout, eurodeputado dos Verdes e principal candidato do seu grupo, aproveitou para dizer que “a narrativa da ascensão da extrema-direita foi derrotada. Esta é uma mensagem para o resto da Europa: saiam e vão votar”.

A declaração de Eickhout, veterano eurodeputado, é um voto de confiança para a batalha contra a extrema-direita, mas é igualmente um sinal da preocupação que trespassa a Europa democrática num momento em que Parlamento, Conselho e Comissão são chamados a resolver crises que ameaçam como nunca a coesão dos 27.

Não é um salto quântico lembrar neste contexto que a escolha do novo Parlamento Europeu ocorre no momento em que o mundo assinala os 80 anos de uma batalha decisiva durante a Segunda Grande Guerra que determinaria de forma decisiva a derrota do regime nazi de Adolf Hitler, fonte ideológica onde vão beber muitos dos partidos de direita populista e extrema-direita europeias.

Oitenta anos albergam muitas gerações e as novas gerações não têm memória viva do que foi esse período de ascensão de regimes fascistas nos países que sempre foram o coração e motor do Velho Continente. Uma guerra de cinco anos e a procura de extermínio de várias etnias foram resultados de que os europeus levaram décadas para recuperar.

Estamos portanto numa eleição decisiva em que a Europa deve tomar decisões fundadoras. Com os dossiers da Defesa, Ambiente e Imigração em cima da mesa, a constituição das bancadas de Estrasburgo terá uma palavra estrutural quanto ao rumo que será tomado.







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