Há onze anos os municípios vizinhos das margens portuguesa e espanhola associaram-se. Surgiu a Eurocidade Tui-Valença. Serviu, durante a primeira década, para reforçar a cooperação, em áreas culturais ou desportivas. As populações acham que é pouco e lamentam que nada mais aconteça. A partir de Setembro começa a circular um miniautocarro que ligará, de meia em hora, os dois centros históricos.
Nesta manhã, como em tantas outras, são sobretudo galegos. Vêm passear pelas ruas e ruelas, comprar atoalhados, e provar o tal bacalhau. A relação entre os portugueses daqui e os galegos de lá é antiga e fraterna. Há onze anos os municípios vizinhos associaram-se, o que permitiu institucionalizar a Eurocidade Tui-Valença. Serviu, durante a primeira década, para reforçar a cooperação, em áreas culturais ou desportivas. É bom, mas é pouco, dizem-me nos estabelecimentos comerciais do casco histórico.
Maria, dona de uma loja de artigos portugueses gostava que fosse mais útil, a tal Eurocidade, é o que pensa também Aya. Galega de Mondariz, neste sábado veio com o marido, e um casal amigo passear a Valença, enquanto os filhos adolescentes participam numa competição de patinagem artística em Tui. A partir de Setembro começa uma ligação permanente entre centro de Tui e o de Valença. Vai ser um autocarro que fará a viagem, de meia em meia hora, diz José Manuel Carpinteira.
O autarca socialista de Valença chama-lhe “mobilidade suave”. A travessia deverá ser gratuita, pelo menos nos primeiros meses. O presidente da camara gostaria de ter o miniautocarro no terreno há mais tempo, mas “há sempre muita burocracia” desabafa. É com o mesmo tom que lembra a prometida e formalizada cooperação transfronteiriça nos serviços de emergência médica. O protocolo foi celebrado com pompa e circunstancia com a Junta da Galiza, há mais de um ano, mas até agora nada aconteceu. Nunca saiu do papel.
Falta também concretizar o desejado estatuto do trabalhador transfronteiriço. São cinco mil os que diariamente atravessam o rio Minho para trabalhar. Já estão resolvidas as matérias relacionadas com a segurança social, mas há ainda outros aspectos que não estão tratados. Outra vez a burocracia, queixa-se José Manuel Carpinteira. O presidente da camara de Valença contou dos longos dias de impasse para começar a obra que vai reerguer parte da muralha que ruiu com o mau tempo de Fevereiro de 2023. Só agora vai avançar.
A relação antiga entre os povos vizinhos do rio Minho foi fomentada por novas nomenclaturas, como é o caso das Eurocidades, mas falta por exemplo; personalidade jurídica, José Manuel Carpinteira acredita que esse passo pode acelerar projectos comuns.