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Guerra no Médio Oriente. A escalada do conflito ao minuto

Oh a Manor House! Sorry! Aqui é um solar de Portugal, okay!?

por António Jorge, Antena1

O Turismo de Habitação começou em Portugal no arranque dos anos 80, mas só cresceu com os recursos europeus. O FEDER ou o programa LEADER foram responsáveis pelo impulso. Ponte de Lima foi, e ainda é, a capital deste produto turístico.

A reportagem da Antena 1 é na Casa das Torres que todas as semanas recebe grupos de norte americanos de passagem para Santiago de Compostela.


Casa das Torres, Ponte de Lima. FOTO: António Jorge

As aventuras de um “brasileiro” de Ponte de Lima trouxeram-lhe fortuna em terras de Vera Cruz… assim começa a narrativa de Tristão Malheiro. Dirige-se ao grupo de norte-americanos endinheirados que tem pela frente. Num inglês perfeito, explica-lhes como aquela casa em estilo barroco, foi mandada erguer por um antepassado: o tal “brasileiro”.

A Casa das Torres é um palacete com data de 1751 na freguesia de Facha, Ponte de Lima, a capital do turismo de habitação. Ali, estão ao todo 20 homens e mulheres, de idades diferentes. Uns vieram de Chicago, outro casal de Seattle, e mais dois de Nova Jérsia e Califórnia. Todos de roupa desportiva a bebericar vinho Loureiro. Nunca se tinham visto na vida. Estão a começar a conhecer-se. Desembarcaram na noite anterior no aeroporto Francisco Sá Carneiro. Dormiram na sumptuosa unidade hoteleira da zona da marina do Freixo e agora estão ali, debaixo de árvores centenárias, no parque da casa senhorial, onde lhes servem o almoço.


Grupo de turistas americanos almoça na Casa das Torres. FOTO: António Jorge

A empresa de turismo norte-americana Backroads - especializada em turismo ativo - organiza a viagem. Têm como destino Santiago de Compostela. Todas as semanas há um grupo novo. O circuito é feito com uma lógica: caminhar de manhã, e só se quiserem. Depois, almoçar bem e jantar melhor e sempre em unidades topo de gama. Grosso modo, este é o “caminho” destes grupos.

Mas habitualmente, dizem-me os três guias espanhóis que os acompanham, gostam muito de caminhar. Eles, os guias turísticos, têm tudo preparado: três carrinhas de transporte e uma outra de apoio, com comida e bebidas frescas, caso apeteça.


José, Maribel, Tristão Malheiro e Raul, os guias turísticos com o dono da casa. FOTO: António Jorge

Raúl, José e Maribel têm sempre, a cada manhã e tarde, três opções de programa: caminhar, visitar a região ou regressar ao hotel. São opções para turista escolher. Adoram o que fazem. Maribel é engenheira civil, mas deixou para trás essa vida em Sevilha e agora este é o seu dia-a-dia. Tristão vive na Casa das Torres. Só assim é possível manter a casa, não é possível de outra maneira. É o que responde com extraordinário à-vontade aos turistas, quando os leva ao interior da casa e conta toda a história.Não perca a entrevista de António Jorge a Francisco Calheiros, presidente TURIHAB – Associação do Turismo de Habitação - mais abaixo neste artigo.

Os americanos não se cansam de fazer perguntas, Tristão é um anfitrião irrepreensível. Na mesa do parque serviu broa da região, vinho da adega de Ponte de Lima, onde entrega as uvas da quinta. A propriedade fica numa das margens de rio Lima. Tristão Malheiro a irmã e a mãe são os proprietários, mas ele está apreensivo com o futuro. A sucessão é um problema em muitos destes solares.


Tristão Malheiro explica a história da casa. FOTO: António Jorge

Até lá fica satisfeito com o uso que dá ao palacete de granito, fica contente se no fim do ano, no deve e haver, as receitas forem suficientes para a manutenção. É a máxima dos proprietários que têm casas assim, assegura Francisco Calheiros, o presidente da TURIHAB – Associação do Turismo de Habitação. 

É a mais antiga associação do sector em Portugal e trabalha na salvaguarda da genuinidade do Turismo de Habitação, Agro-Turismo e Turismo Rural e certifica a qualidade da oferta - é o que pode ler-se na morada digital. Faz este ano quarenta anos, é o rosto de uma rede interna que tem cerca de 130 associados de norte a sul e ilhas.

Falta dar nova a alma a dois projectos que lançou, sempre com recurso a apoios comunitários: a rede europeia e a rede de fazendas do café no Brasil. Estão em processo de reactivação, mas têm tido ações ao longo dos anos mais recentes, conta o senhor turismo de habitação Francisco Calheiros, que não tem dúvidas: sem o impulso do dinheiro comunitário, Portugal não teria este produto turístico distintivo para oferecer. Pode ouvir aqui a entrevista de António Jorge a Francisco Calheiros
Uma marca distinta, o Turismo de Habitação cresceu muito em Portugal mas um dos principais rostos do setor pede mais atenção do poder politico, União Europeia incluída.

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