O Secretariado Nacional do PS decidiu esta quinta-feira dar ao grupo parlamentar do partido “a indicação de voto desfavorável” à candidatura de Fernando Nobre para o cargo de presidente da Assembleia da República. No termo da reunião do órgão executivo dos socialistas, o porta-voz Fernando Medina sintetizou o que esteve na base da posição agora oficializada: o ex-candidato a Belém “não reúne as condições para um bom desempenho das funções”.
No entender dos socialistas, prosseguiu o porta-voz, Fernando Nobre é “um candidato que não reúne as condições para um bom desempenho das funções de presidente da Assembleia da República, lugar de tão grande importância para o país, nomeadamente nas circunstâncias que atravessamos”.
“O cargo de presidente da Assembleia da República é da maior exigência, sendo a segunda figura do Estado a seguir ao Presidente da República”, insistiu Medina, depois de ser questionado sobre as razões que ditam o chumbo do nome proposto pela direção do PSD. “Trata-se da figura que pode substituir o Presidente da República em qualquer situação de impedimento. Trata-se também de alguém que tem de dirigir os trabalhos correntes do Parlamento num período de grande exigência e isto aconselha a que este cargo seja preenchido por alguém com maior experiência política e com maior experiência do funcionamento da Assembleia da República”, acrescentou.
O PS, explicou ainda o porta-voz, considera que o cargo até agora ocupado por Jaime Gama “deve ser preenchido por uma personalidade com um maior reconhecimento público e político”, um posicionamento que “não mudou com os resultados eleitorais”. Para já, fica afasta a possibilidade de os socialistas virem a discutir um nome diferente com o partido de Pedro Passos Coelho. Até porque “é da praxe parlamentar” que a escolha para a presidência da Assembleia da República “emane do partido mais votado”.
Uma questão “de palavra”
Na quarta-feira, após a audiência do PSD com o Presidente da República, Passos Coelho reafirmou a intenção de submeter o nome de Fernando Nobre ao escrutínio do Parlamento, confirmando que essa matéria ficaria excluída do acordo celebrado com o CDS-PP.
“Eu sou um homem de palavra. Convidei o doutor Fernando Nobre para ser o candidato do PSD à presidência da Assembleia da República e nessa medida irei apresentar na altura própria o nome do doutor Fernando Nobre ao grupo parlamentar do PSD, que o proporá para presidente da Assembleia da República”, reiterou o líder social-democrata no dia em que foi indigitado para o cargo de primeiro-ministro.
“É uma matéria do foro parlamentar. Não cabe ao futuro Governo estar a envolver-se na escolha do presidente da Assembleia da República. É uma questão parlamentar e é uma questão que competirá aos partidos políticos”, insistiu Passos Coelho.
Horas antes, à saída da reunião da delegação do CDS-PP com Cavaco Silva, já Paulo Portas indicara que a presidência do Parlamento não constava do acordo político para o Governo de coligação e que cada força partidária atuaria “de acordo com a palavra que deu”. De resto, o presidente dos democratas-cristãos optou pela desdramatização, ao referir-se à eleição do presidente da Assembleia da República como uma matéria que não é crucial para a governação do país.
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