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Yuan deve valorizar 30 por cento nos próximos cinco anos, o que é "muito rápido"

por © 2011 LUSA - Agência de Notícias de Portugal, S.A.

Macau, China, 23 out (Lusa) - A China deve continuar a valorizar a sua moeda, defendeu o economista chefe do Banco da China, Cao Yuanzheng, ao salientar que, a manter-se ritmo atual, o yuan vai apreciar 30 por cento em cinco anos, o que "é muito rápido".

"Temos de manter a valorização do yuan a par com a produtividade", o que quer dizer cinco por cento ao ano", afirmou o economista em entrevista à Agência Lusa em Macau, ao apontar que desde 2005 o yuan já valorizou 30 por cento.

"Se mantivermos esta tendência nos próximos cinco anos teremos mais 30 por cento - isso é muito rápido", avaliou Cao Yuanzheng.

A China tem vindo a ser pressionada pelos Estados Unidos e outros grandes parceiros comerciais a aliviar o controlo sobre a divisa e a facilitar outras medidas, dado que a atual política, no entender das economias externas, mantém a moeda subvalorizada e inflaciona o `superavit` comercial da China.

A alegada manipulação cambial da China esteve precisamente na base de um projeto - já aprovado pelo Senado norte-americano - que prevê a cobrança de taxas adicionais à importação de produtos chineses, e cujos apoiantes defendem que o yuan devia valorizar-se pelo menos 40 por cento em relação à cotação atual face ao dólar americano.

"O yuan não é totalmente convertível [noutras moedas], por isso, ninguém sabe qual a verdadeira taxa de câmbio. Todos adivinham", sustentou Cao Yuanzheng que esteve em Macau para participar de um fórum integrado na Feira Internacional de Macau que chega hoje ao fim.

Na sua intervenção, o economista chefe do Banco da China destacou a importância cada vez maior que a utilização do yuan assume, pois "poderá evitar a volatilidade de moedas estrangeiras". "A utilização do dólar chegou a trazer problemas aos países asiáticos", referiu ao salientar que o uso transfronteiriço do yuan é uma "oportunidade" para países em desenvolvimento.

"A utilização do yuan está a caminhar para o mercado inter-regional (...) Com a estabilidade da moeda estamos à procura de alternativas", disse.

Nesse sentido, Pequim planeia assinar um acordo com a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) para estabelecer o comércio de yuan, sendo este mais um passo da China para fazer com que a sua moeda seja amplamente utilizada além das suas fronteiras.

Apesar de ter salientado as vantagens do uso do yuan, as moedas das duas Regiões Administrativas Especiais da China continuam indexadas ao dólar, situação que Cao Yuanzheng considera não ser passível de mudar a curto ou médio prazo.

O dólar de Hong Kong está indexado ao dólar americano e por sua vez, a Pataca, moeda oficial de Macau, indexada ao dólar de Hong Kong porque na antiga colónia britânica - que é um centro financeiro - "mais de 70 por cento do volume do comércio é calculado com base no dólar".

O dólar "continua a ser a moeda internacional dos negócios" e, "por causa disso, não vemos qualquer hipótese do dólar de Hong Kong vir a ser indexado ao yuan", frisou.

Mas, "talvez a longo prazo", tudo pode mudar, mas só "depois de mais de 70 por cento do comércio ser transacionado em yuan, pelo menos", vincou.

Cao Yuanzheng, que assumiu o cargo de economista chefe do Banco da China em fevereiro, desempenhou a função de especialista no Banco Mundial, Banco Asiático de Desenvolvimento e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, bem como de consultor de diversos países, incluindo Vietname, Mongólia, República Checa, Cazaquistão, entre outros.

O economista também exerceu funções no seio da Comissão Estatal para a Reforma do Sistema Económico da China, tendo ingressado no Banco da China em 1998, onde presidiu a trabalhos de reestruturação e de lançamento de ações na bolsa de valores de grandes empresas.

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