Xi Jinping, Presidente da China e líder do Partido Comunista Chinês, afastou-se drasticamente dos seus antecessores ao colocar empresas ao serviço das suas políticas, afirma o Instituto Mercator de Estudos Chineses (MERICS).
O crescimento e o progresso socioeconómico continuam a ser objetivos centrais de Xi, mas o líder chinês agora como foco uma economia política orientada geopoliticamente, defende o MERICS no estudo "O Partido é que Sabe: O Alinhar dos Atores Económicos com os Objetivos Estratégicos da China", divulgado na quinta-feira.
As mudanças atualmente em curso na economia do país expõem as características sistémicas daquilo que os líderes chineses chamam a "modernização de estilo chinês". Ao nível nacional, o partido tem vindo a expandir o seu controlo de várias empresas com o objetivo de alinhar as suas prioridades com os objetivos nacionais, refere o centro de estudos baseado na Alemanha.
A primeira prioridade chinesa será alcançar autossuficiência tecnológica e de abastecimento, colmatando lacunas tecnológicas em cadeias de abastecimento no país, segundo o relatório.
Outra meta, adianta, é a diversificação das relações económicas internacionais, recorrendo a diferentes fornecedores de importação de recursos e produtos que não fabrica. O partido tem também como objetivo assumir um papel central na economia global.
A terceira meta tem como base o fortalecimento da base socioeconómica chinesa, através da gestão do mercado interno. O mercado imobiliário tem sofrido um abrandamento, transição que tem sido difícil.
Outras metas que se mantêm nas novas políticas chinesas são conseguir estar tecnologicamente ao mesmo nível que o mundo desenvolvido.
O controlo do Partido e as orientações aos atores económicos foram alargadas drasticamente, com repressão e campanhas de retificação e benefícios como a proteção de concorrência estrangeira e subsídios, adianta o relatório.
O novo caminho de desenvolvimento apresentado pelo líder chinês tem como objetivo alcançar o retorno de uma China forte, próspera e no centro da economia global até 2049. Este plano recebeu o nome "O Grande Rejuvenescimento da Nação Chinesa".
Internacionalmente, refere a MERICS, a relação da China com o mercado económico liberal está a mudar: de integração para competição intensa, potencializando conflitos.
Os decisores políticos e líderes empresariais por todo o mundo estão a deparar-se com um novo ambiente, onde abundam riscos e desafios induzidos por uma China extremamente competitiva economicamente e tecnologicamente.
"É provável que as diferenças atualmente significativas entre o modelo económico da China e os países europeus e outros mercados económicos liberais continuem a aumentar", segundo o relatório.
As políticas económicas de Xi abrangem elementos marxistas-leninistas, atribuindo ao Estado um papel mais forte. A nova política económica promove "um modelo de toda a nação", que consiste num tipo de mobilização económica e tecnológica de massas.
O estudo indica ainda que "Xi não está a tentar destruir o setor privado, mas a alinhar os que precisam e ao mesmo tempo a recompensar os que já estão alinhados".
Segundo o estudo, os recursos económicos irão ser canalizados para setores estratégicos, em especial o desenvolvimento de tecnologias emergentes, como a Inteligência Artificial.
A eficácia deste modelo tem exibido sucesso, demonstrado por algumas das empresas mais avançadas tecnologicamente do mundo: a Alibaba, Huawei e Tencent.
Apesar da agressiva modernização industrial e tecnológica o crescimento do PIB tem estado a diminuir.
Pequim está a aproximar-se do Terceiro Plenário de 2023 - um evento que irá indicar mais claramente a direção da economia política global da China.
Apesar de algum descontentamento face às novas orientações de Xi no país e a nível internacional, a visão económica e política do líder chinês permanece firme, conclui o MERICS.