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Woodside aberta a estudar alternativa para explorar Greater Sunrise, no Mar de Timor

por Lusa
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A petrolífera australiana Woodside disse hoje que está aberta a estudar opções alternativas para a exploração do campo de gás natural Greater Sunrise, no Mar de Timor, mas apenas se forem vantajosas para os seus acionistas.

A diretora executiva da petrolífera, Meg O`Neill, saudou hoje em Perth, na Austrália, o facto de se evidenciar uma maior urgência em avançar na exploração deste ativo, mantendo-se, porém, o diferendo sobre o modelo de exploração, essencialmente um gasoduto para Darwin ou um para Timor-Leste.

Os Governos dos dois países e os membros do consórcio do Greater Sunrise têm estado em negociações este ano para um novo acordo de partilha de produção, com várias reuniões técnicas já realizadas.

À margem da apresentação de resultados anuais da empresa, O`Neill congratulou-se com o novo sentido de urgência sobre o Greater Sunrise, que poderia acelerar os progressos no novo acordo, que "tem vindo a mover-se, mas não particularmente rapidamente".

"Penso que alguns dos comentários em torno da importância destes ativos para os timorenses, sim, podem ser exatamente o tipo de catalisador necessário para concluir essas discussões", disse O`Neill.

Timor-Leste detém 56,6% do Greater Sunrise, localizado a 150 quilómetros (KM) a sudeste do país e a 450 km a noroeste de Darwin, em parceria com Woodside (34,44%) e a Osaka Gas (10%).

Na segunda-feira, o Presidente timorense, José Ramos-Horta, disse que Timor-Leste "não pode esperar mais" pelo desenvolvimento do campo, considerando que se a Austrália se mantiver intransigente, Díli procurará outros parceiros, entre eles a Indonésia ou a China.

"Se da Austrália dentro de muito pouco tempo, nos próximos meses, não há indicação das companhias e do Governo federal, Timor-Leste tem que procurar outros parceiros para desenvolver o Greater Sunrise", afirmou José Ramos-Horta em entrevista à Lusa.

"Teremos que avançar com outros. Não podemos esperar mais", disse o chefe de Estado, vincando que vai comunicar essa mensagem no seu encontro esta semana com a chefe da diplomacia australiana, Penny Wong, que tem prevista a sua primeira visita a Díli.

O desenvolvimento do projeto - que poderá ser crucial para o financiamento do Estado timorense dentro de apenas uma década - arrasta-se há vários anos, com a posição australiana a defender um gasoduto até Darwin e Timor-Leste, que tem posição maioritária no consórcio do projeto, a insistir num gasoduto para o país.

"Infelizmente, da parte dos operadores australianos e outros, continuam a teimar no gasoduto para Darwin. Em Timor-Leste há um consenso nacional, que não tem nada a ver com consenso patriótico: queremos o `pipeline`, mas não é por ser monumento aos heróis", reiterou.

"Tem a ver com todos os estudos encomendados por vários Governos que dizem que, primeiro, é totalmente viável do ponto de vista da tecnologia, segundo, do ponto de vista de investimento e viabilidade, que pode ser altamente rentável, com retorno, reduzindo para um pipeline e a escala do projeto `onshore`", disse.

A Woodside continua a rejeitar a opção do gasoduto para Timor-Leste, considerando-o mais dispendiosa e com menor proveito para os seus acionistas.

"A nossa posição é que precisamos de fazer um investimento que cumpra os nossos limiares de retorno de capital para os investidores", vincou hoje na apresentação dos melhores resultados da empresa em vários anos.

"Pensamos que Darwin é economicamente mais vantajoso, mas estamos abertos a ter uma conversa sobre outros conceitos de desenvolvimento, desde que preserve o nosso retorno", explicou.

Hoje a Woodside anunciou ter quadruplicado os lucros dos seis meses até 30 de junho para 1,64 mil milhões de dólares (o equivalente em euros), em grande parte devido aos aumentos dos preços de petróleo e gás.

Meg O`Neill disse que as "convulsões" nos mercados de energia globais e australianos este ano sublinharam a importância do gás no `mix` energético mundial "confirmando a "confiança nas perspetivas de procura a longo prazo do gás".

"O fornecimento seguro e fiável de gás não é apenas crítico para a segurança energética global, mas desempenhará um papel fundamental, uma vez que os nossos clientes procuram descarbonizar, juntamente com novas fontes de energia, como o hidrogénio e o amoníaco em que a Woodside está a investir", disse.

 

 

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