Von der Leyen quer Comissão de Investimento com Albuquerque a mobilizar capital na UE

por Lusa

A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, defendeu hoje uma "Comissão de Investimento", no seu segundo mandato à frente da instituição, com a comissária europeia indigitada por Portugal, Maria Luís Albuquerque, a mobilizar capital na União Europeia.

"Esta terá de ser uma Comissão de investimento para desbloquear o financiamento necessário para a transição ecológica, digital e social e é claro que o investimento público será crucial [...], mas os orçamentos públicos só podem ir até um certo ponto, [pelo que] precisamos urgentemente de mais investimento privado", disse Ursula von der Leyen.

Intervindo perante os eurodeputados na sessão plenária do Parlamento Europeu na cidade francesa de Estrasburgo, antes do derradeiro voto ao seu proposto colégio de comissários, Ursula von der Leyen recordou ter atribuído a Maria Luís Albuquerque a pasta dos Serviços Financeiros e União da Poupança e dos Investimentos, confiando que a antiga governante portuguesa seja "a pessoa certa para este trabalho".

"[Maria Luís Albuquerque] ajudará a garantir que as empresas europeias possam encontrar o capital de que necessitam aqui na Europa", pela sua experiência no público e privado, vincou.

Dados apresentados na ocasião revelam que as despesas empresariais com investigação e desenvolvimento na Europa representam cerca de 1,3% do Produto Interno Bruto (PIB), o que compara com 1,9% do PIB na China e 2,4% do PIB nos Estados Unidos.

"Portanto, esta lacuna de capital privado é a principal razão pela qual estamos atrasados nas despesas globais em investigação e desenvolvimento e, portanto, na inovação", sublinhou Ursula von der Leyen.

Vincando ter como prioridades, no seu segundo mandato à frente da instituição que começa a 01 de dezembro por cinco anos, a inovação, descarbonização e segurança, a responsável admitiu que "todos necessitarão de um grande impulso de investimento, de simplificação e de competências".

O voto em plenário à sua equipa está previsto para cerca do meio-dia (menos uma hora em Lisboa).

Ursula von der Leyen foi reeleita em julho no cargo de presidente da Comissão Europeia.

O seu próximo executivo comunitário, agora sujeito a aval parlamentar, é composto por 11 mulheres entre 27 nomes (uma quota de 40% de mulheres e de 60% de homens), uma das quais a comissária indigitada por Portugal e antiga ministra das Finanças, Maria Luís Albuquerque, que vai ocupar a pasta dos Serviços Financeiros e União da Poupança e dos Investimentos.

Na sua carta de missão dirigida a Maria Luís Albuquerque, a líder do executivo comunitário pediu que a comissária use a sua experiência no público (depois de ter sido ministra das Finanças e secretária de Estado do Tesouro) e no privado (após ter passado por empresas como a gestora de fundos europeia Arrow Global e o banco mundial Morgan Stanley) para "desbloquear montante substancial de investimento" na União Europeia (UE).

Num contexto de tensões geopolíticas (devido à guerra da Ucrânia causa pela invasão russa e de conflitos no Médio Oriente), de concorrência face aos Estados Unidos e China e de transição política norte-americana, Von der Leyen quer, nos próximos cinco anos, apostar na competitividade económica comunitária.

Estima-se que a UE tenha de investir 800 mil milhões de euros por ano, o equivalente a 4% do PIB, para colmatar falhas no investimento e atrasos em termos industriais, tecnológicos e de defesa em comparação a Washington e Pequim.

Só a aposta em defesa, impulsionada pela guerra da Ucrânia causada pela invasão russa e pelas recentes tensões geopolíticas, vai ter de ser suportada por necessidades de investimento na ordem dos 500 mil milhões de euros na próxima década.

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