Von der Leyen diz que UE tem "plano forte" para responder a tarifas norte-americanas

por Inês Moreira Santos - RTP
Foto: Frederick Florin - AFP

Donald Trump está prestes a definir que tarifas vai impor aos mercados globais, o que se espera que leve a retaliação por parte dos grandes parceiros comerciais. A União Europeia tem já um "plano forte" para responder às taxas norte-americanas, garante a presidente da Comissão Europeia. Embora admita que Bruxelas preferia negociar soluções com os Estados Unidos, Ursula von der Leyen garante que o objetivo é reforçar já o mercado único do bloco.

“Estamos abertos a negociações”, começou por declarar a presidente da Comissão Europeia esta terça-feira. “Vamos abordar estas negociações a partir de uma posição de força: a Europa tem muitas cartas”.

Essa força, segundo Von der Leyen, “está construída sobre a nossa prontidão para avançar com contramedidas firmes, se for necessário”. E “todos os instrumentos estão em cima da mesa”.

O objetivo da União Europeia “é uma solução negociada”, mas se for necessário, a líder europeia garante que serão protegidos os interesses dos Estados-membros, dos cidadãos e das empresas do bloco europeu.

“Não queremos necessariamente retaliar, mas temos um plano sólido para retaliar, se necessário”, frisou a presidente do executivo comunitário, num discurso esta terça-feira de manhã na sessão plenária do Parlamento Europeu, na cidade francesa de Estrasburgo.

Desde que o presidente dos EUA anunciou, nos últimos meses, aumentos de 25 por cento das taxas aduaneiras, Von der Leyen considerou que “a resposta imediata é a unidade e a determinação”.

“Já estive em contacto com os nossos chefes de Estado e de Governo [da UE] sobre os próximos passos. Temos hoje o debate parlamentar e avaliaremos cuidadosamente os anúncios de amanhã para calibrar a nossa resposta”, acrescentou a responsável, numa altura em que se espera um novo anúncio norte-americano das chamadas tarifas recíprocas que se aplicarão a quase todos os bens e a muitos países do mundo, sendo que os próximos setores devem ser os semicondutores, os produtos farmacêuticos e a madeira.

Segundo a presidente da Comissão Europeia, este é um “confronto errado”, mas para o qual a UE “dispõe tudo o que é necessário” para lhe fazer frente, nomeadamente o facto de ter o maior mercado único do mundo e “a força para negociar e o poder de resistir”. Relativamente ao mercado único, admite que “são demasiados os obstáculos que entravam as empresas” comunitárias, pelo que a UE deve “fazer o seu trabalho de casa”.

“Foi por isso que encarreguei a vice-presidente executivo [responsável pela Prosperidade e Estratégia Industrial, Stéphane] Séjourné de apresentar, no próximo mês, propostas concretas e audaciosas para eliminar alguns desses obstáculos e evitar novos”, revelou.

“Estas reformas estão atrasadas e agora tornaram-se mais urgentes do que nunca. Numa economia global tempestuosa, o mercado único é o nosso porto seguro”, adiantou Ursula von der Leyen.

De acordo com a agenda provisória do colégio de comissários, a estratégia para o mercado único será apresentada a 21 de maio. O mercado único assegura a livre circulação de mercadorias, serviços, capitais e pessoas na UE.

Da resposta imediata europeia aos Estados Unidos faz ainda parte “uma posição de força” pelas suas capacidades e a diversificação dos acordos comerciais, quando a UE já tem protocolos em vigor com 76 países e está a aumentar esta rede com o Mercosul, o México e a Suíça, concluiu.

Na segunda-feira, Trump disse que seria “muito gentil” com os parceiros comerciais quando revelasse as novas tarifas, possivelmente já na terça-feira à noite. O presidente norte-americano insistiu que uma ação recíproca é necessária porque a maior economia do mundo foi “roubada por todos os países do mundo”, prometendo o “Dia da Libertação” para os EUA.

“Seremos muito gentis", acrescentou. 
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