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Vindima precoce em Foz Tua por causa do calor e da falta de água

por Lusa
Nuno André Ferreira - Lusa

A Adega de Foz Tua, em Carrazeda de Ansiães, iniciou hoje a vindima, antecipada devido à seca e ao calor e com o objetivo de preservar a produção e a qualidade das uvas, foi hoje anunciado.

O corte das uvas tintas nas vinhas nesta propriedade em Foz Tua, virada aos rios Douro e Tua, começou pelas 06:00 de hoje. Perto de duas dezenas de vindimadores espalharam-se pelos valados, um trabalho que se irá prolongar durante cerca de uma semana.

Esta é, segundo disse à agência Lusa o produtor César Fernandes, a vindima "mais precoce de sempre" desta empresa, criada em 2014 no distrito de Bragança.

"Este é um ano, de facto, fora do normal porque não houve tanta chuva e água no Douro", salientou.

A seca verificada este ano e o calor extremo que se fez sentir no mês de julho e no início de agosto fizeram com que as uvas amadurecessem muito mais rápido do que o habitual e que as videiras começassem a secar.

E, para não prejudicar a produção, a "decisão tinha de ser tomada e a vindima não podia esperar mais".

"Estas são as vindimas mais precoces que já experienciámos. Será, certamente, um ano desafiante, mas acreditamos que será um desafio superado com sucesso, pois estamos a agir preventivamente", acrescentou o produtor.

Explicou ainda que o principal objetivo de avançar já com a vindima prende-se com a garantia de que, neste momento, "as uvas estão bem equilibradas e não há pressão de doença" e que "os cachos apresentam uma boa relação de peso por bago, o que é um bom indicador, dentro deste quadro atípico".

E, acrescentou, o "atual estado das uvas permitirá preservar a frescura, a fruta, a pureza e a acidez natural dos vinhos Foz Tua".

"Não será um ano fácil. Mas a garantia é de que, no meio desta adversidade, vamos continuar a unir esforços para manter o padrão de qualidade e o perfil diferenciador dos vinhos Foz Tua", conclui.

Nesta propriedade, apenas em 2016 se tinha vindimado no mês de agosto, iniciando-se, naquele ano, no dia 28.

"Tendo em conta a antecipação da vindima e esta consciencialização de que a uva iria ficar mais desidratada, tenho em mente que poderá haverá uma redução na ordem dos 10% na produção, mas ainda é cedo para termos uma certeza", referiu César Fernandes.

O Instituto da Vinha e do Vinho (IVV) prevê que a produção de vinho deverá baixar em Portugal cerca de 9% face à campanha anterior, com quebras expectáveis na Região Demarcada do Douro de 20%.

A Foz Tua surgiu de "uma paixão" pela região vitivinícola do Alto Douro, que culminou com a aquisição de uma propriedade, no ano 2014. Com cerca de quatro hectares, no ano passado foram produzidas cerca de 12.000 garrafas de vinho, tintos e brancos, que são vendidas no mercado nacional.

A empresa de cariz familiar, que diz ser "pioneira" na comercialização de vinho do Porto, no concelho de Carrazeda de Ansiães, pretende agora apostar na exportação.

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