
A Fundação Ruben Berta (FRB), controladora da Varig, anunciou
a venda da empresa aérea ao grupo brasileiro Docas Investimentos por 94,1 milhões de euros (112 milhões de dólares).
O acordo foi concluído "após extenso período de pormenorizadas negociações" com o objectivo de recuperar e fortalecer a Varig e suas empresas controladas, refere a FRB em comunicado publicado na imprensa brasileira.
O acordo entre as duas empresas brasileiras não afasta para já a transportadora portuguesa TAP, que ainda poderá ficar com as subsidiárias VarigLog e VEM, caso decida cobrir a proposta do grupo Docas Investimentos, que ofereceu 117 milhões de euros (139 milhões de dólares) pelas empresas de manutenção e carga.
"Nesses tempos de alta tecnologia e acirrada competição, esta parceria tem significado especial. Preserva ao Brasil e aos brasileiros espaço em sector de grande relevância estratégica. Tanto mais por tratar-se da mais tradicional e mundialmente conhecida empresa aérea brasileira", salienta o comunicado.
O comunicado refere igualmente que a Varig "nos quatro cantos do planeta, com seus 78 anos de existência e 13 milhões de clientes, representa muitas vezes o primeiro portão de entrada para o Brasil".
"Em muitos aspectos, Brasil e Varig são sinónimos.
Este é um património que, construído ao longo de décadas pela FRB, continuará em mãos brasileiras", diz o comunicado.
A Docas Investimentos adquiriu 25 por cento das acções ordinárias e o controlo do capital votante da FRB, assumindo assim "a gestão plena nesta fase que se inaugura".
O plano de recuperação da Varig apresentado pelo grupo Docas inclui o retorno de aviões à frota, o restabelecimento de rotas e a preservação do fundo Aerus de Segurança Social.
O plano prevê igualmente o "aumento do capital da Varig e das demais empresas, levando suas acções às bolsas de valores, ampliando a base de accionistas e implementando as melhores práticas de governança corporativa".
"Este amplo plano empresarial atende aos princípios da livre iniciativa. Caracteriza-se portanto como genuína solução de mercado", afirma o comunicado.
A proposta do grupo Docas incluiu ainda o pagamento de 117 milhões de euros (139 milhões de dólares) pela aquisição das subsidiárias VEM (manutenção) e VarigLog (cargas), valor superior ao oferecido pela portuguesa TAP.
O grupo Docas Investimentos, do empresário Nelson Tanure, tem investimentos no sector naval e na comunicação social brasileira, nomeadamente nos jornais Gazeta Mercantil e Jornal do Brasil.
A proposta de aquisição do grupo Docas terá que ser aprovada pelo Tribunal do Rio de Janeiro porque a Varig se encontra actualmente em processo judicial de recuperação.
A empresa portuguesa TAP e o fundo de investimento norte-americano Matlin Patterson são candidatos a assumir o controlo das duas subsidiárias da Varig.
No dia 08 de Novembro, a empresa Aero-LB, que tem como sócios a TAP, a Geocapital, do magnata dos casinos de Macau Stanley Ho e um fundo brasileiro de investimento, adquiriu as subsidiárias VarigLog e a VEM por 62 milhões de dólares.
Desse total, 41 milhões de dólares foram financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Económico e Social (BNDES), o banco de fomento do governo brasileiro.
A TAP ofereceu igualmente um empréstimo de 40 milhões de dólares à Varig, uma das condições previstas no acordo de aquisição das duas subsidiárias.
A Varig deverá agora apresentar a oferta do grupo Docas Investimentos para assumir as duas subsidiárias à companhia portuguesa, que terá até ao dia 19 de Dezembro para informar se pretende cobrir a proposta.
Caso a TAP decida não fazer uma contraproposta, a empresa portuguesa receberá 12,4 milhões de dólares como prémio equivalente a 20 por cento do capital inicialmente investido nas duas subsidiárias.