Trump aumenta tarifa aplicada à China para 125% e suspende outras por 90 dias

por Mariana Ribeiro Soares, Andreia Martins - RTP
Foto: Nathan Howard - Reuters

O presidente norte-americano anunciou esta quarta-feira que autorizou uma pausa de 90 dias na aplicação de tarifas aos produtos nos Estados Unidos. No entanto, esta interrupção exclui a China, que terá um aumento da taxa "recíproca" para 125 por cento "com efeitos imediatos".

No dia em que as tarifas anunciadas por Donald Trump entraram em vigor, é o próprio presidente norte-americano quem anuncia uma suspensão temporária de 90 dias de grande parte dessas taxas "recíprocas" aplicadas a 75 países.

Por 90 dias, a decisão de Trump uniformiza nos 10 por cento a taxa aplicada às importações de vários países. 
"Autorizei uma PAUSA de 90 dias e [a aplicação de] uma Tarifa Recíproca substancialmente reduzida durante esse período, de 10 por cento, também com efeito imediato", escreveu Trump nas redes sociais, sem adiantar mais detalhes.

"Mais de 75 países contactaram representantes dos Estados Unidos" para "negociar uma solução", adiantou o presidente norte-americano.

Por outro lado, Donald Trump anunciou também esta quarta-feira um novo aumento das tarifas sobre as importações chinesas de 104 para 125 por cento.

"Tendo em conta a falta de respeito que a China tem demonstrado pelos mercados mundiais, vou aumentar a tarifa cobrada à China pelos Estados Unidos da América para 125%, com efeitos imediatos", anunciou através de uma publicação na Truth Social. 

"A dada altura, esperemos que num futuro próximo, a China perceberá que os dias de roubo aos EUA e a outros países já não são sustentáveis ou aceitáveis", acrescentou.
"A China é o maior abusador da história"

Em declarações aos jornalistas na Casa Branca após o anúncio, Trump acusou a China de ser "o maior abusador da história" e afirmou que Pequim "quer chegar a um acordo", mas "não sabe como fazê-lo". “O presidente Xi é um homem orgulhoso. Conheço-o muito bem, e eles não sabem bem como o fazer. Mas vão descobrir. Estão em processo de descobrir, mas querem fechar um acordo", reiterou.

"Alguém tinha de fazer isto. Eles [China] tinham de parar porque não era sustentável", argumentou, afirmando que "nenhum outro presidente" teria feito o que ele fez.

“Todos sabiam que tínhamos de fazer isto. Mas ninguém teve a coragem de o fazer, porque é preciso coragem. Mesmo para o nosso país é preciso ter coragem para ultrapassar isto", disse.

Donald Trump afirmou que “estava a assistir” à evolução do mercado de ações na terça-feira e apercebeu-se que “as pessoas estavam a ficar um pouco agitadas”, admitindo que as suas tarifas foram "um pouco assustadoras". No entanto, o presidente norte-americano não assumiu que o anúncio da pausa à implementação das tarifas tenha sido em reação à queda observada nas bolsas.

"Eu sempre disse para ficarem tranquilos que ia correr bem, e está a correr bem. Talvez até mais rápido do que pensava”, afirmou, admitindo ao mesmo tempo que "ao longo dos últimos dias, [a situação] parecia bastante sombria”.
Em retaliação às tarifas de Trump, Pequim anunciou esta quarta-feira um aumento de 34% para 84% nas tarifas para os produtos provenientes dos EUA. 
 
Para além disso, o Governo chinês emitiu um alerta de risco para os turistas chineses que viajem para os Estados Unidos, citando a "deterioração das relações económicas e comerciais sino-americanas".

Logo após o anúncio do presidente norte-americano da suspensão da aplicação das tarifas por 90 dias, a bolsa nova-iorquina disparou, contrastando com as descidas acentuadas que têm sido registadas desde a semana passada.

Pelas 19h12 (hora de Lisboa) o índice tecnológico Nasdaq apresentava uma valorização superior a 10%, com o Dow Jones a ganhar 6,73% e o S&P 500 a avançar 7,35%.

O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, disse, no entanto, que a nova decisão sobre as tarifas do presidente Trump não foi influenciada pelo desempenho dos mercados nos últimos dias.

"Mais de 75 países contactaram-nos e imagino que, depois de hoje, haverá mais. Portanto, é apenas um problema de processamento", disse Bessent em conferência de imprensa.
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