O Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, indicou hoje que as receitas do novo programa de `vistos gold`, autorizando a residência de milionários que terão direitos iguais a residentes permanentes, poderão ser utilizadas para abater a dívida do país.
"Se vendermos um milhão [de `cartões dourados`], são 5 mil milhões de dólares" de receitas, disse Trump a propósito do programa de vistos anunciado na terça-feira com um custo de cinco milhões de dólares (4,7 milhões de euros) cada.
Durante a primeira reunião de gabinete desde a sua eleição para um segundo mandato, o Presidente bilionário previu uma procura elevada por `cartões dourados` entre a comunidade empresarial estrangeira.
"Acho que vamos vender muito porque acho que há realmente uma sede (...) Parece-me que vai ser uma loucura de vendas. É um mercado", disse Trump.
Enquanto o número de atuais vistos para investidores (EB-5) é limitado, Trump sugeriu que o governo federal poderia vender 10 milhões de `cartões dourados` para reduzir o défice, o que "poderia ser ótimo, talvez seja fantástico".
Na terça-feira, o Presidente norte-americano referiu na Casa Branca que os detentores de `cartões dourados` terão os privilégios de um `cartão verde`, com "um caminho para a cidadania americana".
Os `cartão verde` (`green card`) são atribuídos a residentes permanentes no país, no final de um longo processo de aprovação.
O secretário do Comércio, Howard Lutnick, acrescentou que a medida entrará em vigor dentro de cerca de duas semanas e substituirá o Programa de Imigração de Investidores EB-5.
Este permite a investidores, juntamente com os seus cônjuges e filhos menores de 21 anos, obterem residência permanente nos Estados Unidos.
Lutnick alegou, sem apresentar provas, que o programa EB-5 era "fraudulento" e que por isso seria substituído.
O visto EB-5 nos Estados Unidos foi criado pela Lei de Imigração de 1990 e oferecia aos investidores estrangeiros a possibilidade de obter residência permanente se fizessem um investimento substancial num negócio nos Estados Unidos e, em troca, gerassem pelo menos 10 empregos a tempo inteiro para cidadãos norte-americanos ou imigrantes com autorização de trabalho.
Ao longo dos anos, o Congresso alterou por diversas vezes este programa e as suas condições de acesso.
Em 2022, o investimento mínimo para se qualificar para o programa EB-5 foi estabelecido em 1.050.000 dólares, embora algumas exceções tenham sido contempladas.
Diversos países, incluindo Portugal, oferecem atualmente programas de `vistos dourados`, que permitem aos participantes obter o estatuto de residente em troca de investimentos.
Nos Estados Unidos, é o Congresso que determina as condições para a cidadania, mas o Presidente disse que os `cartões dourados` não exigiriam a aprovação da sede do poder legislativo.
Sobre os possíveis futuros beneficiários do novo sistema, Trump previu que "serão ricos e bem-sucedidos, gastarão muito dinheiro, pagarão muitos impostos e empregarão muitas pessoas".
"As empresas podem comprar `cartões dourados` e, em troca, obter esses vistos para contratar novos funcionários", disse Trump.
"Nenhum outro país pode fazer isso porque as pessoas não querem ir para outros países. Elas querem vir para cá. Toda a gente quer vir para cá, especialmente desde 05 de novembro", disse o Presidente norte-americano, sobre a sua vitória no dia das eleições de 2024.
Trump disse que a verificação das pessoas que podem ser elegíveis para o cartão dourado "passará por um processo" que ainda está a ser elaborado e, pressionado sobre se será restringida a participação de pessoas da China ou do Irão, sugeriu que provavelmente não haverá "muitas restrições em termos de países, mas talvez em termos de indivíduos".
"É um caminho para a cidadania para as pessoas - e essencialmente pessoas ricas ou pessoas de grande talento, em que as pessoas ricas pagam para que essas pessoas de talento entrem, o que significa que as empresas pagarão para que as pessoas entrem e tenham um estatuto de longo prazo no país", afirmou sobre o `cartão dourado`, que na véspera sugeriu poder vir a chamar-se `cartão dourado Trump`.