Trump impõe taxas a aço e alumínio da União Europeia, Canadá e México

por RTP
Joshua Roberts, Reuters

Os Estados Unidos anunciaram esta quinta-feira que vão mesmo impor taxas ao alumínio e ao aço provenientes da União Europeia já a partir de sexta-feira. A União Europeia prometeu uma resposta "nas próximas horas".

Em março, Donald Trump tinha anunciado taxas de 25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio, mas tinha isentado a União Europeia e o Canadá. Essa exceção expira à meia-noite desta sexta-feira.

Wilbur Ross, secretário do Comércio dos EUA, diz que as conversações com a União Europeia ao longo dos últimos dois meses não avançaram o suficiente para manter a isenção.

"Queremos continuar as negociações com o Canadá e com o México, por um lado, e com a Comissão Europeia por outro, porque há problemas que precisamos de resolver", disse o responsável, sem esclarecer no entanto o que é que os países afetados poderiam fazer oara levantar estas tarifas.
União Europeia retalia

A Comissão Europeia reagiu em comunicado pouco depois do anúncio feito pela Administração Trump.

Em conferência a partir de Bruxelas, Jean-Claude Juncker considerou que é "totalmente inaceitável que um país esteja a impor medidas unilaterais quando se trata de comércio mundial".

O presidente da Comissão Europeia disse ainda que a UE deverá responder não só com uma ação junto da Organização Mundial do Comércio (OMC), mas também com a imposição de taxas semelhantes a produtos vindos dos Estados Unidos.

“É um mau dia para o comércio global. Os Estados Unidos não nos deixam outra escolha senão prosseguir com um processo de resolução de disputas na OMC e com a imposição de taxas adicionais em várias importações norte-americanas”, escreveu no Twitter. 


“Vamos continuar a defender os interesses da União Europeia, em conformidade plena com o lei do comércio internacional”, referiu ainda Jean-Claude Juncker.

Também a Comissária europeia para o Comércio, Cecillia Malmstrom, refere em comunicado que os Estados Unidos têm procurado “a obtenção de concessões por parte da União Europeia” com a ameaça das restrições de comércio.

“Esta não é a forma como fazemos negócios, sobretudo com parceiros de longa data, amigos e aliados”, acrescentou.
Merkel e Costa apoiam "resposta comum"
Ainda antes de ser conhecida a decisão de Washington, a chanceler alemã assegurava em Lisboa, ao início da tarde, que a Europa responderia "em conjunto" caso se confirmasse a imposição de novas taxas aduaneiras.

"Ainda não conhecemos a decisão, mas se realmente forem impostas essas taxas, teremos uma posição clara da União Europeia. Pensamos que essas taxas não estão de acordo com as regras da Organização Mundial do Comércio", afirmou a líder alemã no final da visita de dois dias a Portugal.

Ao seu lado, António Costa mostrava-se otimista: “Espero o tweet [de Donald Trump] traga boas noticias, mas o que é essencial é que a Europa tem uma política comercial comum, e tal como já demonstrámos a propósito do Brexit, não nos deixamos dividir”.

“Agiremos sempre em conjunto na prossecução daquilo que é o interesse comum da Europa, uma Europa que quer continuar a participar num mundo onde as fronteiras não se fechem às pessoas mas também onde não se criem barreiras à circulação de comércio, porque é um fator de prosperidade que devemos preservar”, defendeu o chefe do Governo português.

Depois da confirmação por parte da Administração Trump, Angela Merkel voltou ao assunto para considerar as novas taxas alfandegárias "ilegais" e que a decisão pode significar "um risco de uma espiral que poderá conduzir a uma escalada que, no final, será prejudicial para todos".

Já o representante da indústria siderúrgica na Alemanha considera que esta decisão é “grotesca”, “protecionista” e uma “ameaça à segurança nacional”.

A Wirtschaftsvereinigung Stahl aponta que as medidas “vão contra os princípios da OMC” e apela à organização que tome uma decisão contra as taxas alfandegárias.

As reações sucedem-se na Europa e também o presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani, disse estar "desiludido" com a decisão de Donald Trump.


"Apoiamos os trabalhadores e indústria ao nível europeu e responderemos com todas as ferramentas disponíveis para defender os nossos interesses. As tarifas comerciais unilaterais são sempre um jogo de soma zero", considerou.

Também em França, o o Governo francês disse esta quinta-feira que a União Europeia “não deixará que medidas injustificáveis e injustificadas fiquem sem resposta”.

“Agrada-nos que, neste momento da verdade, a União Europeia esteja unida”, disse um responsável do Ministério do Comércio Externo, citado pela agência Reuters.

Para além da União Europeia, também as importações do México e Canadá serão alvo de novas taxas. Os vizinhos do sul prometeram desde logo a imposição de medidas “equivalentes” contra os Estados Unidos.

O ministro mexicano da Economia disse que as novas medidas afetariam sobretudo as importações norte-americanas de produtos agrícolas e de aço.
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