Trump ameaça nações BRICS com tarifas "a 100%" para defender dólar

por Graça Andrade Ramos - RTP
Donald Trump, eleito 47º presidente dos EUA em 2024 Brandon Bell - Reuters

O presidente eleito dos Estados Unidos, que durante a campanha prometeu fazer regressar as tarifas sobre produtos importados para fazer voltar a crescer a produção norte-americana, ameaçou no sábado o grupo de países BRICS se estes ousarem enfraquecer o dólar.

"Exigimos a estes países que não se comprometam a criar uma nova moeda BRICS nem a usar uma outra moeda para substituir o poderoso dólar americano", publicou Donald Trump na sua rede Truth Social.

"Sem isso", estes países, que incluem, para já, o Brasil, a Rússia, a Índia, a China e a África do Sul, "serão submetidos a direitos alfandegários de 100 por cento e deverão dizer adeus às suas vendas na maravilhosa economia americana", acrescentou Trump. "Podem ir encontrar outro 'palerma'. Não há hipótese do BRICS vieram a substituir o dólar americano no Comércio Internacional e qualquer país que tente deverá dizer adeus à América", opinou ainda o multimilionário.

O grupo dos BRICS tem atualmente uma dezena de membros oriundos de mercados emergentes, tendo sido fundado pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Um dos seus objetivos é criar uma alternativa à hegemonia ocidental no mercado de trocas mundiais e ao uso do dólar americano como moeda de referência.

No domínio financeiro, o grupo admitiu deixar de usar o dólar nas suas trocas, passando igualmente pela criação de uma moeda própria comum.

O projeto iria contudo implicar a renúncia a uma parte da sua soberania no seio de um grupo de países muito heterogéneos, estando longe de se concretizar. 

No final de outubro, a cimeira dos BRICS em Kazan, na Rússia, o presidente russo, Vladimir Putin anunciou aliás renunciar, neste estádio, a uma moeda única comum, considerando que a ideia "ainda não está madura".

Donald Trump deverá tomar posse a 20 de janeiro, mas está já a multiplicar ameaças de aumento de tarifas alfandegárias, dirigidas a vários países, incluindo de 25 por cento aos produtos de vizinhos México e Canadá e à revelia dos acordos de comércio livre em vigor entre os três países, e levantando receios de uma guerra comercial, que prejudique o crescimento comercial.

Trump prometeu que irá manter a sobretaxa "até que as drogas, em particular o fantanil, e que todos os imigrantes ilegais parem esta invasão do nosso país".
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