Trabalhadores do Hotel Guadiana e Montechoro com salários em atraso
Faro, 29 Fev (Lusa) - Trabalhadores dos hotéis de Montechoro (Albufeira) e Guadiana (Vila Real Santo António), que encerrou portas recentemente, estão com ordenados em atraso, uma situação que revela que o sucesso hoteleiro no Algarve não é para todos.
Em declarações à Lusa, o presidente da maior associação de hotéis e empreendimentos turísticos do Algarve, a AHETA, explicou que as médias da taxa de ocupação hoteleira nem sempre "reflectem a situação individual das empresas".
"Há vários indicadores económicos e financeiros - dividas ou compromissos que não estão resolvidos - que às vezes não se publicam por serem decisões unilaterais", admitiu Elidérico Viegas.
Consciente de que o Algarve não é "sucesso atrás de sucesso" e que a região "não está no melhor dos mundos", com quebras de ocupação na ordem dos 10 por cento em Janeiro deste ano, o presidente da AHETA refere que os maiores problemas actuais no Algarve estão identificados: Hotel Montechoro e Hotel Guadiana.
Hotel Guadiana, unidade histórica da época pombalina e a mais antiga daquela vila sotaventina, encerrou as portas ao público em Novembro e os trabalhadores - quatro efectivos e três contratados - estão sem receber ordenados desde essa altura.
Fonte do Sindicato dos Trabalhadores de Hotelaria no Algarve adiantou à Lusa que os trabalhadores nem sequer vão poder candidatar-se ao fundo de desemprego, porque os responsáveis pelo aluguer do hotel não terão alegadamente pago dois ou três anos das contribuições à segurança Social, perdendo assim o direito ao subsídio.
Os quatro trabalhadores efectivos, alguns com dez anos de serviço - duas recepcionistas e duas empregadas de quarto - e mais três empregados contratados foram informados que receberiam os salários no início de Janeiro, mas nem no final de Fevereiro há notícias dos ordenados.
Para Elidérico Viegas, o Hotel Guadiana é uma unidade hoteleira cuja missão "já não se revê no turismo contemporâneo", para além de ser uma estrutura muito antiga, exígua é um "hotel de cidade" que concorre com os hotéis da Praia de Montegordo.
A liberdade de circulação e o funcionamento da Ponte do Guadiana também vieram afastar os fluxos de pessoas que existiam no passado entre Espanha e Portugal, retirando potenciais dormidas no hotel mais antigo da vila piscatória.
O Hotel de Montechoro, cujo projecto inicial de ainda antes do 25 de Abril de 1974 não era para ser hotel mais sim um conjunto de lotes, tem atravessado "um conjunto de crises sucessivas ao longo da sua existência" e como tem cariz sazonal "basta uma menor procura de dormidas para se reflectir imediatamente na receita", explica Elidérico Viegas.
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores de Hotelaria do Algarve são mais de 100 os empregados com salários em atraso desde Dezembro passado, uma situação que se vem repetindo há vários anos.
Os trabalhadores vão reunir-se em plenário com a associação sindical na próxima semana.
A Lusa contactou a administração do hotel de Montechoro para obter uma posição sobre o pagamento dos salários, mas tal não foi possível até momento.