Trabalhadores das secções de processos de dívidas da Segurança Social admitem recorrer à greve
Os trabalhadores das secções de processos do Departamento de Gestão da Dívida do Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social admitem recorrer à greve se não for atendida a pretensão de mudarem de serviço dada a "sobrecarga de trabalho" que dizem sofrer.
Em comunicado, o Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública e de Entidades com Fins Públicos (SINTAP) garante que estes funcionários "estão dispostos a utilizar todas formas de luta ao seu alcance para conseguirem o reconhecimento e a valorização das suas carreiras, incluindo o recurso à greve".
Segundo explica, os trabalhadores das secções de processos do Departamento de Gestão da Dívida do Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social (IGFSS) "estão a solicitar ao respetivo departamento de recursos humanos uma declaração autenticada que comprove a sua relação jurídica de emprego público e todos os demais dados necessários para a instrução de pedidos de mobilidade entre órgãos e serviços ou candidaturas a concursos abertos noutros serviços".
"Na base desta ação conjunta está o facto de estes trabalhadores se sentirem totalmente esquecidos, apesar de, já por diversas vezes e de diversas formas, terem alertado a tutela para as dificuldades que vivem no desempenho das suas funções, debatendo-se com permanente sobrecarga de trabalho e défice de pessoal", explica.
De acordo com o SINTAP, a média de receita anual processada por cada trabalhador das secções de processos "é de quatro milhões de euros, responsabilizando-se por 2.615 contribuintes e 15.326 processos de execução", mas os respetivos salários "estão inalterados desde 2001 e existe uma enorme desproporção entre o esforço e face ao vencimento que auferem, quando comparado com outros trabalhadores com funções e responsabilidade semelhantes".
"Os trabalhadores das secções de processo trabalham continuamente, sem horário de encerramento para almoço, confrontam-se diariamente com situações de risco, sendo alvo de ameaças e comportamentos violentos", refere o sindicato, assegurando que estes funcionários estão "totalmente desmotivados" e "sem perspetivas de evolução na carreira".
Esta situação, garante, "tem provocado e continuará a provocar saídas de pessoal para outros serviços e organismos", nomeadamente para a Autoridade para as Condições de Trabalho e para a Autoridade Tributária e Aduaneira.
Para o SINTAP, o facto de se "continuar a não reconhecer a realidade" destes trabalhadores e "não promover a dignificação das suas carreiras" é "assumir um risco sério de colapso do funcionamento do próprio IGFSS, colocando em causa o funcionamento de toda o sistema da Segurança Social".
Recordando que "desde o início da legislatura vem insistindo na necessidade de realização de uma reunião para a discussão de várias matérias sob tutela da secretária de Estado da Segurança Social, Cláudia Joaquim, com particular atenção para a situação dos trabalhadores das secções de processos do Departamento de Gestão Financeira do IGFSS, o sindicato diz já ter enviado novo pedido de reunião para "o mais curto espaço de tempo".