Trabalhadores da Autoeuropa marcam greve para 30 de agosto

por RTP
José Manuel Ribeiro - Reuters

Os trabalhadores da Autoeuropa chumbaram a nova proposta de horário da administração e anunciaram uma paralisação para 30 de agosto. Podem vir a parar mais cinco dias, entre 2 e 6 de setembro.

O anúncio surge depois da realização de dois plenários com os funcionários da fábrica portuguesa do grupo Volkswagen, nos quais se recusaram a trabalhar ao sábado e a receber como um dia normal.

"A Comissão de Trabalhadores manteve sempre o diálogo com a administração no sentido de encontrar a melhor solução que salvaguardasse os interesses de ambas as partes", lê-se na nota de imprensa em que os representantes dos trabalhadores também manifestam a esperança de que a cúpula da Autoeuropa se disponibilize para "reatar o diálogo".A Comissão de Trabalhadores não refere as razões da greve marcada para 30 de agosto.

“Os operários recusam-se a trabalhar ao sábado e a receber como um dia normal. Os trabalhadores têm direito a receber como um dia normal. Os trabalhadores têm o direito de ter uma vida estabilizada há 20 anos. A proposta da administração compromete a saúde e a compatibilização da família”, afirmou fonte sindical, citada pela publicação Dinheiro Vivo.

O pré-aviso de greve deverá ser entregue na próxima segunda-feira ao Ministério da Segurança Social. Para 26 de julho está agendada uma reunião entre a administração da Autoeuropa e o sindicato que representa os trabalhadores, encontro que poderá travar a greve.

A necessidade de trabalhar mais um dia prende-se com o aumento da produção da Autoeuropa, que deverá fabricar mais de 200 mil automóveis em 2018, o dobro do registado em 2016, graças à chegada do novo modelo, o SUV T-Roc.

Durante o mês de agosto, a fábrica de Palmela vai começar a produzir o novo modelo, a comercializar a partir do último trimestre do ano, estando a sua apresentação oficial agendada para a primeira semana de setembro no Salão Automóvel de Frankfurt.
Seis dias por semana

A Autoeuropa, liderada por Miguel Sanches, pretende que a fábrica de Palmela passe a laborar seis dias por semana, uma medida que já está a ser aplicada nas fábricas da Volkswagen, e que os funcionários tenham apenas um folga fixa, ao domingo, e duas folgas consecutivas a cada três semanas.

As negociações entre os trabalhadores e a empresa decorriam há algum tempo e foram interrompidas pela administração no final de junho, devido à antecipação da paragem coletiva, que normalmente ocorre em agosto.

Para preparar as linhas de montagem do novo modelo da marca alemã, a fábrica da Autoeuropa parou a laboração na última semana de junho e primeira de julho.

A empresa recebeu um investimento de 667 milhões de euros na instalação de uma nova plataforma multimodal, que permite a produção de vários modelos. A fábrica de Palmela prevê também aumentar o número de trabalhadores para 4.735 até ao final de 2017.
Autoeuropa está a contratar dois mil trabalhadores
A Autoeuropa revelou entretanto, em comunicado enviado à imprensa, que para fazer face ao crescimento da fábrica de Palmela com o lançamento do novo modelo “está a contratar cerca de 2.000 colaboradores, dos quais 750 são para implementar um sexto dia semanal de produção”.

“O modelo de trabalho previsto tem enquadramento legal, e a empresa pretende reconhecer o trabalho aos sábados como o quinto dia de trabalho individual com um pagamento adicional ao previsto na lei”, acrescenta a nota.

A Autoeuropa pretende dar “seguimento às boas práticas de gestão e entendimento entre a empresa e os representantes dos trabalhadores, e mantém-se disponível para procurar uma solução que vá ao encontro das expectativas dos colaboradores, e que ao mesmo tempo cumpra com os compromissos assumidos com a casa-mãe na atribuição do TROC à fábrica de Palmela”.
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