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Toshiba admite que sobrevivência está “em risco”

por RTP
Toru Hanai - Reuters

O aglomerado de produtos eletrónicos assume esta terça-feira, em comunicado, que a continuidade da empresa pode estar em causa devido às recentes perdas num negócio de energia nuclear.

Segundo o comunicado, a que a agência France-Presse teve acesso, a empresa registou perdas de 4,8 mil milhões de dólares entre abril e dezembro do ano passado. Os resultados não foram aprovados pela PwC e pela Aarata LLC, auditores da empresa.

“Há eventos e circunstâncias que podem trazer questões significativas no que diz respeito à continuação da empresa”, refere o documento, consultado pela agência France-Presse.

A publicação dos resultados foi adiada por duas vezes e levantou a possibilidade de excluir a Toshiba da Tokyo Stock Exchange, a principal bolsa de valores da capital japonesa. Em conferência de imprensa esta terça-feira, o CEO da empresa vai tentar evitar a saída de Bolsa de Tóquio.  

“A decisão de qualquer retirada pertence à bolsa de valores. Vamos fazer o nosso melhor para o evitar”, reiterou Satoshi Tsunakawa. 
Problemas na Westinghouse Electric
Nos últimos meses, a Toshiba Corp sofreu perdas colossais com a falência do negócio nuclear na Westinghouse Electric, nos Estados Unidos. No final de março, a empresa apresentou um pedido de proteção usado em casos de falência. 

Já nessa altura se admitia que a falência do negócio nos Estados Unidos poderia levar toda a empresa a uma situação de risco.  

Em dezembro do ano passado a Toshiba avisava os investidores que iria apresentar perdas muito significativas na sequência de problemas registados pela Westinghouse Electric Corporation, sendo que a gigante japonesa detém 87 por cento da empresa.

Mas os ativos que foram assumidos pela Toshiba são afinal suscetíveis de valer muito menos do que inicialmente era esperado. A situação piorou em fevereiro último com as ações da empresa em queda livre, com perdas superiores a 50 por cento. Um cenário que foi ainda agravado pela demissão de Shigenori Shiga, antigo presidente da gigante japonesa.

Sobre a subsistência da empresa, a BBC apontava no final de março que a Toshiba poderá ver-se obrigada a vender muitos dos seus segmentos premium, nomeadamente a lucrativa divisão dedicada aos chips de memória. 

Amir Anvarzadeh, analista da BGC Partners, refere que o Governo japonês dificilmente deixará cair a gigante eletrónica, uma vez que a falência de toda a empresa representaria uma perda enorme de postos de trabalho. A Toshiba detém ainda um papel relevante na produção de energia nuclear, no contexto do mercado japonês. A questão é se “o restante negócio conseguirá ser suficiente para suportar a dívida da empresa”. 

A Westinghouse foi responsável pela construção do primeiro reator nuclear nos Estados Unidos, durante os anos 50 e vende tecnologia para várias centrais nucleares espalhadas em todo o mundo. A concretização de negócios ruinosos nos Estados da Carolina do Sul e da Georgia levaram a empresa ao colapso. Mas a declaração de independência vai permitir que a empresa continue a operar enquanto renegoceia contratos e o diálogo com os credores.
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